Corpo Nacional de Escutas suspende alegado agressor sexual de menores

Aos 19 casos de abuso sexual de menores em meio escutista que já eram conhecidos da instituição, o estudo da comissão independente somou sete novos casos.

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O CNE está a tentar recolher mais dados sobre os abusos ocorridos em contexto escutista Matilde Fieschi (arquivo)

O Corpo Nacional de Escutas (CNE) decidiu suspender uma pessoa que abusou sexualmente de um menor em contexto escutista, enquanto decorre um processo interno de averiguação “para decisão em processo disciplinar e outras medidas consideradas pertinentes”.

Às 19 situações de abuso sexual de menores ocorridas em contexto escutista que já eram conhecidas do Corpo Nacional de Escutas (CNE), a lista elaborada pela comissão independente que foi coordenada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht somou sete novos casos. Em comunicado, o CNE adianta agora que, daqueles sete novos casos, um dos alegados agressores já morreu e outra das situações “coincide”, afinal, com um caso de que o CNE já tinha registo.

Sobre os restantes casos, o CNE esclarece ainda que “dois parecem partilhar um alegado agressor comum que já não se encontra no activo”, mas que está igualmente, e tal como o caso que levou à suspensão cautelar do agressor, a ser alvo de um processo interno de averiguações.

Da lista constam ainda dois casos, ocorridos em 1961 e 1978, nas dioceses de Lisboa e do Porto, mas “os dados obtidos não permitem, para já, identificar inequivocamente os alegados agressores”. “Embora os alegados agressores sejam padres com ligações ao escutismo”, esclarece ainda o CNE, “a informação obtida indicia que os abusos sexuais não ocorreram em contexto de actividade escutista”, pelo que já devem vir referenciados no relatório “Dar Voz ao Silêncio”, que estimou que pelo menos 4815 crianças foram abusadas no meio eclesial desde 1950 até à actualidade, bem como nas listas com os nomes dos alegados abusadores, muitos dos quais no activo, entregues posteriormente às dioceses.

Tal como as dioceses, as congregações e os institutos religiosos deverão receber até finais de Abril as listas contendo o nome dos religiosos que foram igualmente acusados de terem abusado sexualmente de menores no âmbito do estudo feito pela comissão independente, que, além de ter consultado dos arquivos das diferentes instituições do meio eclesial, recebeu testemunhos directos de pessoas que se disseram vítimas de abuso sexual.

Como o CNE faz agora, os jesuítas adiantaram-se e divulgaram em Setembro a existência na instituição, durante o mesmo arco temporal, entre 1950 e a actualidade, de um total de oito suspeitos. Depois, no dia 13 de Fevereiro, a instituição actualizou a informação para dar conta de um total 11 jesuítas suspeitos, além de um leigo, que terão abusado de mais de vinte crianças, maioritariamente em contexto escolar, todos já falecidos. O relatório dá ainda conta de cinco vítimas e igual número de abusadores ligados à Opus Dei. No caso dos salesianos, foram identificadas 18 vítimas e 18 abusadores, todos membros do clero.

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