Amnistia Internacional acusa autoridades de Moçambique de violar direito a reunião

Organização de defesa de direitos humanos destaca detenções arbitrárias, uso de gás lacrimogéneo e brutalidade policial em marcha de homenagem a músico Azagaia.

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A polícia usou gás lacrimogéneo contra marcha de homenagem a músico Azagaia LUIS MIGUEL FONSECA/Lusa

Uma marcha de apoio ao músico Azagaia, que morreu a 9 de Março em sua casa, foi reprimida pela polícia na capital de Moçambique Maputo, no sábado.

A organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional reagiu à actuação das autoridades, acusando a polícia de levar a cabo detenções arbitrárias, usar gás lacrimogéneo e atacar com violência manifestantes pacíficos, segundo um comunicado assinado pela responsável pela África Ocidental e do Sul, Emerlynn Gill.

Os manifestantes sublinharam que as marchas tinham tido autorização. "Os mesmos que nos autorizam" a marchar, deram "ordens superiores" à polícia para atacar os participantes, declarou Quitéria Guirrengane, uma das organizadoras, citada pelo serviço e português da emissora alemã DW (Deutsche Welle).

Ironicamente, lembrava no Instagram o escritor José Eduardo Agualusa, uma das músicas de Azagaia falava precisamente da repressão policial de manifestantes pacíficos. Azagaia, sublinha a Amnistia Internacional, inspirou muitos com as suas músicas que falavam sobre injustiças, incluindo no tratamento abusivo das autoridades, sobre pobreza e desigualdade social, e apelava a que as pessoas fossem mais exigentes em relação às autoridades.

O presidente da Associação Rede de Direitos Humanos, Sérgio Matsinhe, afirmou à DW que "os pensamentos do Azagaia estão a ser alvo de perseguição”, e “as pessoas que tentam implementar as ideias do Azagaia são silenciadas".

Emerlynn Gill tira a mesma conclusão: “não há dúvidas de que a polícia teve o objectivo de suprimir as manifestações com a intenção de menorizar o legado de Azagaia em Moçambique.

Os manifestantes, sobretudo jovens, cantaram temas como Povo no Poder, a música mais conhecida de Azagaia, e de outros músicos também, para lançar farpas ao partido do Governo, a Frelimo.

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