Bulldog francês é a raça mais popular nos EUA. Porque é que isso pode não ser bom?

Os labradores foram destronados: os bulldogs franceses foram os cães de raça preferidos dos norte-americanos em 2022. Porém, devido ao focinho achatado, são susceptíveis a problemas de saúde.

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Bulldog francês é o cão mais popular nos EUA Reuters/ATHIT PERAWONGMETHA

O gentil bulldog francês conseguiu conquistar o título de cão mais popular nos Estado Unidos, terminando o reinado de 31 anos dos labradores retrievers como cães de raça preferidos, de acordo com o ranking de 2022 feito pelo American Kennel Club.

Com a cara achatada, olhos inocentes e orelhas de morcego, o bulldog francês tem subido nos rankings ao longo da última década, chegando ao segundo lugar do pódio em 2021, de acordo com o clube, que tem o maior registo de cães de raça pedigree do país.

“O que não há para gostar? São uma excelente companhia, queridos e mostram muita afeição”, disse o criador Johnny Danley Jr., de Atlanta.

Em 2012, o bulldog francês detinha o 14.º lugar do ranking. Desde aí, os registos aumentaram dez vezes, salienta o clube no seu site. Danley começou a criar bulldogs franceses há cerca de 12 anos como um passatempo. Vendia os cachorros aos amigos antes de abrir o próprio negócio, Damn Danley Kennels, em 2018.

Estes cães não são baratos, nos EUA: os preços mais baixos rondam os 3000 dólares (pouco mais de 2820 euros).

“Já ouvi casos de pessoas que os vendiam por um milhão de dólares. Mas nós vendemos a pessoas da classe trabalhadora, que têm empregos das 9h às 17h e que querem gastar um bocadinho para terem uma excelente companhia”, afirma Danley.

Mais susceptíveis a problemas de saúde

O criador dos Damn Danley Kennels reconhece que alguns dos animais desta raça podem desenvolver problemas de saúde, especialmente no que toca ao sistema respiratório e medula espinal. Porém, afirma que os riscos são mais baixos quando se usa animais saudáveis para fazer o cruzamento.

Em alguns países, a criação de animais de focinho achatado já está proibida. É o caso da Noruega. O Tribunal Distrital de Oslo tomou a decisão por razões de bem-estar animal: a criação de cães braquiocefálicos ou cães de focinho achatado – é uma prática cruel, porque a acção do ser humano resulta em problemas de saúde nos animais.

A cabeça extremamente achatada compromete as vias respiratórias e o excesso de pele forma pregas. “Muitos destes cães sofrem durante toda a vida”, escrevia a médica veterinária Joana Prata, em 2017, num Megafone do P3.

A popularidade desta raça – e os preços de venda – fez aumentar o roubo destes animais ao longo dos últimos anos, de acordo com o clube. Um dos últimos incidentes a chegar a manchetes nos EUA foi o roubo de dois bulldogs franceses de Lady Gaga, depois de um incidente em Los Angeles, que terminou com a pessoa encarregada de passear os cães alvejada por uma arma de fogo.

A antiga raça de cães mais popular, o labrador retriever, ainda tem muitos fãs: continua no 2.º lugar do pódio. Em 3.º lugar está o golden retriever e em 4.º, o pastor alemão. O menos popular é o cão de caça inglês, que está na 199.ª posição.

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