Diocese de Lisboa anuncia sexta-feira medidas a aplicar a padres suspeitos

O bispo auxiliar de Lisboa explicou que a comissão diocesana irá propor ao cardeal patriarca as medidas a aplicar a cada um dos nomes que contam da lista que recebeu da comissão independente.

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O cardeal patriarca D. Manuel Clemente vai receber as propostas da comissão diocesana de Lisboa sobre as medidas a aplicar aos padres que constam da lista de alegados abusadores de menores Nuno Ferreira Santos

A Diocese de Lisboa vai reunir-se esta quinta-feira e deverá anunciar amanhã uma decisão sobre as denúncias de abusos sexuais na igreja identificadas pela Comissão Independente, disse hoje o bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar.

"Hoje vamos ter a reunião da Comissão Diocesana (...) para propor ao senhor patriarca as medidas que acha que devem ser aplicadas", afirmou aos jornalistas à margem de uma iniciativa, em Lisboa.

No que diz respeito a Lisboa, a lista é esta quinta-feira entregue à Comissão Diocesana e nos próximos dias este organismo vai recomendar ao cardeal patriarca o que deve fazer em relação a cada uma das pessoas que constam no documento, precisou o bispo.

"Isso significa que se a comissão disser que as pessoas A, B e C devem ser afastadas do exercício público do ministério, elas serão", acrescentou.

Questionado pelos jornalistas sobre a suspensão preventiva de sacerdotes, o prelado explicou que os documentos oficiais do Vaticano dizem que não deve ser usada a expressão "suspensão", porque implica uma pena e um processo, mas que na prática, para entendimento do cidadão comum, é o que acontece.

Protocolo com a APAV

Foi ainda anunciado que a Comissão de Protecção de Menores e Adultos Vulneráveis do Patriarcado de Lisboa estabeleceu um protocolo com a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) para a prevenção de casos de abusos sexuais na Igreja.

José Souto Moura, que integra aquela comissão, além de presidir à Equipa de Coordenação das Comissões Diocesanas de Protecção de Menores disse esta quinta-feira, em declarações à agência Ecclesia e à Rádio Renascença, que o protocolo "não se limita ao acolhimento, acompanhamento e eventual tratamento para quem precisar, mas estão pensadas sessões de formação para a prevenção".

"O protocolo tem uma área de atendimento, por parte da APAV, ligada à Grande Lisboa, com postos de apoio em Lisboa, Oeiras, Cascais, Odivelas e Cadaval", acrescentou.

Segundo o ex-procurador-geral da República, o trabalho preventivo vai envolver a APAV, as vigararias e instituições particulares de solidariedade social.

Souto Moura adiantou que a Equipa de Coordenação Nacional está a preparar a criação de uma bolsa de psicólogos e psiquiatras que possam "acompanhar e acolher" as vítimas.

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