A Orlando Pride, equipa da jogadora brasileira Marta — eleita seis vezes a melhor do mundo —, tornou-se a primeira equipa dos Estados Unidos da América a tomar uma medida para responder a um anseio antigo das jogadoras de futebol.

A partir desta época, as atletas da equipa da Flórida vão entrar em campo com calções pretos, e não brancos, evitando assim uma possível situação constrangedora durante o período de menstruação.

A decisão vale tanto para os jogos da equipa que se estreia na NWSL (o campeonato nacional, que conta com 12 participantes), no dia 26, contra o Portland Thorns, como para os treinos.

"Temos de acabar com o estigma em discutir os problemas menstruais que afectam mulheres, se quisermos maximizar o desempenho e aumentar o acesso ao desporto", disse Haley Carter, uma das responsáveis do clube, em comunicado.

Falando em nome da equipa, a médio Erika Tymrak, 31 anos, declarou que "as razões por não querermos usar calções brancos são claras, mas infelizmente é algo que não foi abordado até recentemente".

A revista Forbes publicou um estudo com quatro mil adolescentes, feito pela instituição inglesa Women in Sport, em 2022, onde 70% das raparigas disseram que evitavam praticar desporto durante a menstruação.

A americana Women's Sports Foundation relata que as jovens, aos 14 anos, abandonam duas vezes mais o desporto do que os meninos da mesma idade, sendo a puberdade um factor influenciador.

Atleta do londrino Crystal Palace, Leigh Nicol, 27 anos, explica a importância da mudança no uniforme para o adequado desempenho desportivo das mulheres. "Fisicamente, além de estares mais cansada, há a preocupação de que possa manchar. Isso está sempre na cabeça, especialmente se usares calções que podem mostrar se te sujares."

Tymrak, do Orlando, considerou a decisão da equipa "um grande passo, como clube, para fazer as jogadoras sentirem-se confortáveis e concentrarem-se apenas em competir".

A ideia da equipa americana não é inédita. No ano passado, o Manchester City, um dos principais clubes ingleses, anunciou que agiria em relação a estas preocupações, descartando a utilização dos tradicionais calções brancos para as atletas a partir da época 2023/24.

Para poder instaurar a acção, os clubes chegaram a entendimento com os respectivos fornecedores de material desportivo. No caso do Orlando, a americana Nike; no do Manchester City, a alemã Puma.

Outros dois clubes ingleses que têm equipas de futebol feminino, o Stoke City e o West Bromwich, de divisões inferiores, também decidiram abolir o calção branco dos uniformes das jogadoras.

Actual campeã europeia, a selecção inglesa está a discutir com a Nike a possibilidade de deixar de se apresentar com a vestimenta toda branca.

Nas palavras de Beth Mead, 27 anos, avançada do Arsenal e do English Team, "é giro ter um kit todo branco, mas não é prático quando é aquela altura do mês".

Exclusivo PÚBLICO/Folha de S. Paulo

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