Na China, só homens podem vestir lingerie para a vender online

Os vídeos em directo que mostravam mulheres a vestir lingerie começaram a ser rapidamente deitados abaixo. De acordo com a lei chinesa, “espalhavam conteúdo obsceno online”.

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Na China, só homens podem vestir lingerie para a vender online @xiaojingcanxue/Twitter

A China proibiu as mulheres de mostrarem o corpo nas redes sociais, mesmo quando o fazem em trabalho, durante transmissões em directo de venda de roupa, uma prática comum de comércio online no país. Por isso, os negócios começaram a contratar homens para aparecer nos vídeos.

Num dos directos, um modelo surge com uma camisola e robe de seda preta. Noutro, um manequim mostra uma peça semelhante em cor-de-rosa.

Os vídeos que mostravam mulheres a vestir lingerie começaram a ser rapidamente deitados abaixo porque, de acordo com a lei chinesa, "espalhavam conteúdo obsceno online", explica a Insider.

Durante uma das transmissões, Xu, dono de uma marca de roupa, garantiu que a solução é apenas uma forma de respeitar a lei. “Isto não é uma tentativa de sarcasmo. Todos estão a levar muito a sério o cumprimento das regras”, disse, à CNN.

Até agora, a ideia está a funcionar, mas também divide opiniões: há quem considere que este tipo de respostas só está a intensificar a censura de que as mulheres chinesas são alvo.

Esta não é a primeira vez que modelos masculinos vendem produtos inicialmente dirigidos a um público feminino e há até quem faça carreira, como o influencer Austin Li Jiaqi. Em 2018, Austin ficou conhecido como o Rei do Batom depois de ter vendido 15 mil batons em apenas cinco minutos, recorda a CNN.

No entanto, em Junho de 2022, o influencer ficou sem redes sociais depois de ter mostrado num dos directos um bolo a imitar um tanque de guerra, um gesto que foi denunciado por muitos dos seguidores.

A transmissão decorreu no dia 4 de Junho, data história que o país não gosta de recordar uma vez que simboliza o momento em que o Partido Comunista mobilizou tanques para a Praça da Paz Celestial, no centro de Pequim, avançando sobre os estudantes que se manifestavam em protestos pró-democracia, escreve a Vice.

A China tem tentado que o massacre de 1989 caia no esquecimento, ao ponto de muitas das gerações mais novas não conhecerem o simbolismo desta data. Austin apareceu pela última vez em Setembro do ano passado num directo a vender produtos, mas não se pronunciou sobre o incidente.

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