Casal iraniano condenado a dez anos de prisão por dançar em público

Astiyazh Haghighi e Amir Ahmadi foram presos por “incentivar a corrupção e a prostituição pública” e “perturbar a segurança nacional”, depois de terem publicado um vídeo a dançar junto a um monumento.

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Casal iraniano condenado a dez anos de prisão por dançar em público Arab News/Twitter

O Tribunal Revolucionário do Irão condenou a dez anos e seis meses de prisão um casal que publicou um vídeo a dançar nas ruas de Teerão, junto à Torre Azadi (Torre da Liberdade, em tradução livre para português), acção que, segundo activistas, foi considerada um símbolo contra o regime.

No vídeo, Astiyazh Haghighi, de 21 anos, aparecia sem hijab (véu islâmico) a cobrir a cabeça, contrariando as regras que as mulheres estão obrigadas a seguir. Além disto, estava a dançar em público e com um homem, neste caso, com o noivo Amir Mohammad Ahmadi, de 22 anos. Estas situações são igualmente proibidas no país.

O monumento escolhido para a dança também tem significado: foi palco dos protestos contra o actual regime e é também usado pelo governo para comemorar a Revolução Iraniana de 1979, escreve a Vice.

Além da pena de prisão, o casal de influencers está também proibido de utilizar a Internet e, quando sair em liberdade, terá de deixar o país durante dois anos, escreve o jornal britânico The Guardian. O vídeo foi filmado em Outubro de 2022 e tanto Astiyazh como Amir foram levados pela polícia. Segundo a família da mulher, ambos foram impedidos de serem representados por advogados e as tentativas de pagarem a fiança para saírem em liberdade foram rejeitadas.

De acordo com a HRANA, uma organização não-governamental iraniana que funciona como agência de notícias sobre activistas de direitos humanos, Astiyazh e o noivo foram condenados por “incentivar a corrupção e a prostituição pública” e “perturbar a segurança nacional”. Astiyazh estará numa prisão de mulheres fora da capital iraniana, escreve o The Guardian.

As autoridades iranianas têm punido qualquer acção contra o regime desde que Mahsa Amini morreu em Setembro, depois de ter sido presa por, alegadamente, ter violado as regras do hijab. Desde aí, pelo menos 14 mil pessoas foram presas, segundo dados das Nações Unidas.

O vídeo de Astiyazh e Amir está a ser novamente partilhado para mostrar solidariedade com o casal que tem pelo menos dois milhões de seguidores no Instagram.

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