Ministra abre inspecção a lar da Lourinhã suspeito de maus tratos

Sopas feitas de restos e vários utentes manuseados com as mesmas luvas descartáveis são algumas das denúncias.

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A ministra Ana Mendes Godinho mandou investigar as suspeitas de maus tratos no lar da Lourinhã Daniel Rocha

A ministra da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, anunciou uma inspecção imediata ao lar de terceira idade da Lourinhã Delicado Raminho, que foi alvo de denúncias de maus tratos numa reportagem da SIC.

Sopas feitas de restos, a que é acrescentada farinha, e falta de higiene, com o mesmo par de luvas descartáveis usadas para vários doentes, até se romperem, fazem parte dos relatos de uma funcionária ouvida pela estação televisiva.

“A pessoa acamada come tudo passado. O pequeno-almoço são papas feitas com farinha de trigo, adoçante e água. O almoço é feito com o resto do jantar, com a sopa do jantar do dia anterior triturada com pão, com água”, refere um desses relatos. As roupas dos utentes serão lavadas sem detergente, mantendo-se nelas o cheiro a fezes e urina.

No lar vivem cerca de seis dezenas de utentes, que pagam uma média de 1500 euros por mês. Segundo a mesma reportagem, o proprietário da instituição é o mesmo do lar Peninsular, no Montijo, que também já tinha sido alvo de denúncias, segundo as quais ali se passava fome. Trata-se de Mohamed Sacoor, com quem a SIC tentou falar, sem sucesso.

A directora técnica do lar da Lourinhã não se mostrou disponível para prestar qualquer esclarecimento. Porém, segundo um utente do Delicado Raminho, além das graves deficiências de higiene e alimentação, existe ainda outro problema: a caldeira encontra-se avariada.“Só temos água fria. Andamos com frio, não há aquecimento”, revela esse utente.

A instituição é promovida nas redes sociais como um espaço com grandes áreas para o bem-estar e conforto dos idosos. É destacada a especial atenção com o regime alimentar. Mas na realidade não é bem assim, diz a reportagem.

Questionada pelos jornalistas sobre informações divulgadas por anteriores funcionárias do lar segundo as quais recebiam aviso prévio das visitas da Segurança Social, a ministra Ana Mendes Godinho esclareceu que há dois tipos de acompanhamento dos lares.

“Há, naturalmente, visitas regulares e há visitas de fiscalização, e essas nunca são anunciadas, nem o devem ser, precisamente para detectar situações que sejam sinalizadas”, indicou.

“O que eu pedi foi uma inspecção, foi enviado um pedido de fiscalização imediata, urgente à situação do lar, para perceber o que é que se passa, porque o que nos tem de mover a todos é a protecção das pessoas”, afirmou a governante, que falava antes da sessão de abertura da 9.ª Semana da Empregabilidade, organizada pelo Instituto Politécnico de Setúbal.

Depois de insistir em que já deu instruções para uma inspecção de urgência ao lar em causa, Ana Mendes Godinho apelou à denúncia à Segurança Social de todos os casos que as pessoas julguem precisar de fiscalização.

“Cá estamos para fiscalizar, para salvaguardar as situações das pessoas, que é isso que nos move”, garantiu.

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