Quase 70% das ocorrências nas escolas foram criminais no último ano lectivo

No âmbito do Programa Escola Segura (PES), a PSP e a GNR registaram no ano lectivo 2021/2022 um total de 4757 ocorrências, 3172 das quais criminais (67% do total).

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Segundo o MAI, registaram-se menos 9% do número total de ocorrências e menos 4% das ocorrências criminais Rui Gaudêncio

Quase 70% das ocorrências registadas nas escolas pela PSP e a GNR no último ano lectivo foram de natureza criminal, sendo os principais crimes as ofensas à integridade física e as injúrias e ameaças, segundo dados divulgados nesta segunda-feira.

No âmbito do Programa Escola Segura (PES), a PSP e a GNR registaram no ano lectivo 2021/2022 um total de 4757 ocorrências, 3172 das quais criminais (67% do total), de acordo com a apresentação do plano de actividades do PES para os anos 2022/2024, que decorreu no Ministério da Administração Interna (MAI), em Lisboa.

Segundo o MAI, que faz uma comparação com o ano lectivo 2018/2019, tendo em conta que os dois anos seguintes foram marcados por confinamentos devido à pandemia de covid-19, em 2021/22 registaram-se menos 9% do número total de ocorrências e menos 4% das ocorrências criminais.

No entanto, o peso das ocorrências criminais no último ano lectivo (67%) no volume total de ocorrências é superior ao valor registado desde os anos lectivos de 2015/2016, sendo os crimes mais prevalentes as ofensas à integridade física e as injúrias/ameaças.

Segundo os dados, a PSP, cuja área de actuação é os centros urbanos, registou 3525 ocorrências, 2.444 das quais de natureza criminal no último ano lectivo, uma diminuição de 14% do total de ocorrências e de 17% das criminais em relação a 2018/2019.

Enquanto a GNR registou um aumento de 6% e 17% respectivamente ao contabilizar 1.232 ocorrências, sendo 728 de natureza criminal.

"Pese embora estes indicadores e à luz do trabalho preventivo que tem vindo a ser desenvolvido, nomeadamente no âmbito da Comissão de Análise Integrada da Delinquência Juvenil, chegamos à conclusão que há aspectos e dimensões que podem e devem merecer um trabalho mais atento, nomeadamente no que respeita à transposição da realidade física para realidade virtual no seguimento da pandemia e a necessidade de ter um plano de intervenção envolvendo vários ministérios tendo em vista actuar nos primeiros sinais que se manifestem", disse o ministro da Administração Interna na cerimónia de apresentação plano.

Para tal, avançou José Luís Carneiro, "estão a ser desenvolvidos e pensados instrumentos de trabalho", como a actualização das fichas de avaliação dos factores de riscos que estão em vigor nas escolas, criação de uma página da internet para o Programa Escola Segura para divulgação de informação relevante e reestruturar a plataforma de registo de ocorrências em contexto escolar.

O ministro disse ainda que o plano de actividades do PES "estabelece um compromisso para os próximos dois anos" que passa por procurar que os jovens e adolescentes "saem da vida virtual e passem a ter mais vida social".

Nesse sentido, o PES quer promover nas escolas a iniciativa "Menos vida virtual, mais vida real", que pretende, em particular, a mudança de comportamentos na utilização excessiva de ecrãs e redes sociais por parte de crianças e jovens, que foram potenciados durante a pandemia.

Com 30 anos de existência, o programa Escola Segura é uma iniciativa conjunta das áreas governativas da Administração Interna e da Educação e visa garantir a segurança no meio escolar e no meio envolvente, através da prevenção de comportamentos de risco e da redução de actos geradores de insegurança em meio escolar.

O ministro da Educação também marcou presença na cerimónia.

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