Agressão a aluno em escola de Grândola motiva queixa judicial e processo disciplinar

Insultos racistas antecederam alegada agressão, que terá provocado “uma luxação” no pescoço. Mãe critica atitude da direcção escolar.

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A alegada vítima ficou em casa na sexta-feira e regressou esta segunda-feira à escola Paulo Pimenta

A mãe de um aluno alegadamente agredido por outro estudante na Escola Básica (EB) 2,3 D. Jorge de Lencastre, em Grândola (Setúbal), confirmou nesta segunda-feira, em declarações à Lusa, que vai apresentar queixa em tribunal, enquanto o Ministério da Educação vai instaurar um procedimento disciplinar ao caso.

Esta "não é a primeira vez" que o filho é vítima de agressões e insultos no interior da escola, argumentou a mãe, Miriam Duval, que pede justiça: "Não pelo meu filho, mas por tantos outros que têm sofrido e as mães se têm calado", frisou a encarregada de educação.

Contactado pela Lusa, o Ministério da Educação revelou, por e-mail, que, "da averiguação preliminar já existente, será instaurado procedimento disciplinar". Além disso, foi efectuada comunicação da ocorrência ao destacamento da GNR, à Procuradora do Ministério Público e à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Grândola.

Miriam Duval relatou que a alegada agressão aconteceu no recreio da escola, na passada quinta-feira, quando o filho, de 14 anos, "estava a brincar com amigos da sala, em cima de uma árvore, no intervalo" das aulas. Nessa altura, descreveu, surgiu o alegado agressor, "que começou a chamá-lo macaco, preto" e a proferir outros insultos.

Quando o filho de Miriam Duval tentou abandonar o local, "a criança feriu-o com um golpe "mata-leão", atirou-o ao chão" e terá desferido "pontapés e socos", enquanto fazia ameaças de "que ele ia morrer", relatou a mãe da alegada vítima. "Entretanto, o meu filho foi ajudado por um amigo e conseguiu ligar-me do telefone dele, porque a escola não deu assistência", revelou a progenitora.

Chegada ao local, lamentou Miriam Duval, não foi autorizada a entrar no recinto escolar, mas foi informada de que responsáveis da EB 2,3 tinham pedido para a vítima "fazer uma ocorrência contra" o alegado agressor, "um aluno de 13 anos".

O filho de Miriam Duval foi levado pela própria mãe para o hospital, uma vez que "a escola não podia accionar o seguro escolar por ser um caso de agressão", explicou. Assistido no Serviço de Urgência Básica de Alcácer do Sal, o estudante teve alta horas depois de ter realizado alguns exames que confirmaram "uma luxação" no pescoço, contou a encarregada de educação.

Na passada sexta-feira, a mãe da alegada vítima foi ao posto da GNR local para saber o procedimento a adoptar, onde foi aconselhada a "ir à escola", o local da agressão. Na EB 2,3 D. Jorge de Lencastre, um elemento da direcção informou Miriam Duval de que iriam "apurar os factos" junto do director de turma e da vítima.

A agência Lusa dirigiu-se nesta segunda-feira ao estabelecimento de ensino, sede do Agrupamento de Escolas de Grândola, mas a directora estava indisponível para prestar declarações.

O filho de Miriam Duval ficou em casa na sexta-feira e regressou segunda-feira à escola, "muito chateado e triste com a situação", lamentou a progenitora.

Segundo o Ministério da Educação, "o aluno agredido e a encarregada de educação foram ouvidos no próprio dia pelo Grupo de Integração ao Aluno do Agrupamento de Escolas" e, já na manhã de segunda-feira, foram "recebidos pelo subdirector" deste agrupamento.