O tempo vem atrás de nós, avisa (e canta) o Homem em Catarse, a preparar um novo álbum

É um tema que lhe é caro, o do tempo, a par de lugares, sentimentos e paisagens. O Homem em Catarse, alter-ego do multi-instrumentista Afonso Dorido, estreia esta quinta-feira O tempo vem atrás de nós, single e videoclipe que prenunciam um novo álbum, ainda em gestação. E se em temas como Rua do Souto deserta era já um relógio que sobressaía num início silencioso, antes de soar a primeira nota no piano, agora esse relógio ganha corpo, como um fantasma que nos persegue. “Nunca como agora sentimos o tempo escapar”, lê-se no texto que anuncia este novo single. “O mesmo tempo que nos manipula, que nos mantém reféns. Quando nos vemos ainda mais coagidos pela correria dos minutos, chegamos ao cúmulo de ter a sensação que é o tempo que nos comanda e persegue. Já não temos o tempo nas mãos. É o tempo que nos tem a nós.”

O teme é apresentado como uma “reflexão do regresso à correria pós-pandemia e às rotinas que rapidamente deixam saudades de tudo o que nos leva para lá da sanidade mental”. Perseguidos pelo tempo, sem fuga: “Cada segundo parece que é demasiado quando se vive na sociedade do tédio do excesso de tudo, menos do tempo e da disponibilidade para o viver, por inteiro.”

Nascido em Barcelos, em 1982, Afonso Dorido integra a banda Indignu, formada naquela mesma cidade em 2004, tendo já lançado, como Homem em Catarse, seis discos: o EP Homem em Catarse (2013) e os álbuns Guarda-Rios (2015), Viagem Interior (2017), Homem em Catarse - ao vivo na Porta 253 (2018), sem palavras | cem palavras (2020) e Sete Fontes (2021).