Um Abarth eléctrico? A culpa é da performance
O Abarth 500e chega em Junho para mostrar que a imposição das mecânicas a electricidade não vai significar a morte do escorpião.
O que começou por ser uma empresa de tuning, com kits para melhorar desempenho, potência e velocidade de veículos de produção em massa, depressa criou um culto à sua volta que fez com que nascesse uma marca sob o signo do escorpião, com carros que se distinguiam pela potência, mas também pelo facto de serem pequenos e extremamente ágeis.
Da sua história rezam carros de corrida construídos em carroçarias herdadas e sucessos internacionais na pista e em ralis, nomeadamente os recordes registados em Monza com os seus modelos desenvolvidos tendo por base os chassis Fiat 500 e Fiat 600, mas também as vitórias europeias do Fiat 124 Abarth Rally ou a conquista do título mundial com o Fiat 131 Abarth Rally.
No futuro, porém, não há lugar a motores térmicos. Pelo menos (e para já), na Europa. O que deixou a Abarth em maus lençóis, já que a sua gama actual se resume a um motor: o gasolina 1.4 T-Jet, sobrealimentado, do qual extrai audíveis 165 (no caso do 595) ou 180cv (695), o que lhe permite reclamar uma aceleração de 0 a 100 entre os 6,7 e os 7,3 segundos.
A resposta chega com o Abarth 500e, desenvolvido, garantiu Alejandro Noriega, director do emblema para o mercado ibérico, para continuar a explorar o que descreveu como o “lado negro da Fiat”. Ou seja, apesar de a Abarth se preparar para ser a primeira marca sob o chapéu Stellantis a ter uma gama exclusivamente eléctrica (as motorizações a gasolina deverão ser descontinuadas até 2025), Noriega recusa a onda de críticas que têm vindo a ser debatidas nas redes sociais, declarando que o vindouro modelo carrega a herança do escorpião. Por exemplo, destaca, na aceleração de 20 a 40 km/h, o Abarth 500e é 50% mais rápido que os irmãos a gasolina.
Para tal, explica Susana Victor, directora de marketing da Abarth em Portugal, houve um importante trabalho a criar “um carro muito leve”, concentrando as atenções numa “melhor distribuição de pesos”: 57% - 43%.
O propulsor eléctrico é composto por um motor de 113,7 kW (equivalente a uma potência de 155cv), a debitar um binário máximo de 235 Nm, e uma bateria com capacidade de 42 kWh e que aceita carregamentos em corrente contínua até 85 kW (em menos de meia hora, ter-se-á 80% da capacidade).
O conjunto permite reclamar uma aceleração de 0 a 100 km/h em sete segundos, a meio caminho entre os gasolina 595 e 695, mas uma velocidade máxima que dará origem a queixumes: 155 km/h em vez dos 218 e 225 km/h das mecânicas térmicas. Outro motivo para algum desapontamento poderá vir a ser a autonomia anunciada de apenas 250 quilómetros.
No entanto, a Abarth prefere focar atenções no facto de a sua aventura eléctrica ser essencialmente voltada para a cidade, ambiente onde o pequeno automóvel reclama ser extremamente reactivo. E, em estrada, diz o emblema, o eléctrico consegue ser mais veloz um segundo na aceleração de 40 a 60, particularmente interessante se em circuitos muito sinuosos.
O Abarth 500e, que será proposto no lançamento sob a designação Scorpionissima nas variantes berlina, com tejadilho em vidro fixo (desde 43 mil euros), e Cabrio, com tecto em lona (46 mil euros), também não primará só pelo silêncio típico das mecânicas movidas a electricidade, com a marca a anunciar que incluiu “um gerador de som que simula o Abarth tradicional”, o que poderá ser interessante de conjugar com o modo de condução Scorpion Track (há dois menos aguerridos: Scorpion Street e Turismo).
Disponível no arranque em duas cores que não passarão despercebidas (Verde Acid e Azul Poison), o modelo é proposto com jantes exclusivas em liga leve de 18 polegadas, volante desportivo e vários detalhes únicos.