Leonardo DiCaprio deu o nome da mãe a uma cobra devoradora de caracóis

O actor baptizou a nova espécie numa tentativa de promover o debate sobre o impacto negativo da exploração mineira na biodiversidade da América Central e do Sul.

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Sibon irmelindicaprioae, com o nome da mãe de Leonardo DiCaprio, é a mais rara da tribo. Vive nas selvas de Chocó-Darién, no leste do Panamá e oeste da Colômbia Alejandro Arteaga
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Sibon marleyae, com o nome da filha do conservacionista Brian Sheth, foi descoberta nas florestas tropicais mais húmidas e primitivas de Chocó, no Equador e na Colômbia Eric Osterman
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Sibon canopy foi baptizada em honra do sistema de reservas Canopy Family Alejandro Arteaga
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Sibon vieirai Pearl Ee
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Dipsas welborni tem o nome de David Welborn, antigo membro da direcção da fundação Nature and Culture International. Esta ONG gere a Reserva Maycu, uma área privada de conservação onde esta serpente e muitas outras novas espécies habitam Alejandro Arteaga

Quando o actor Leonardo DiCaprio vai a uma cerimónia de entrega de prémios, a sua mãe está frequentemente ao seu lado. Agora, o actor conquistou um novo espaço para a Irmelin noutro lugar especial: nos arquivos da biologia.

O actor baptizou recentemente uma espécie de cobra que se alimenta de caracóis, há pouco tempo descoberta, em homenagem à sua mãe, Irmelin, numa tentativa de chamar a atenção para as ameaças que a exploração mineira representa para a biodiversidade na América Central e do Sul.

Sibon irmelindicaprioae – a cobra comedora de caracóis de DiCaprio – é um réptil dócil que habita no leste do Panamá e noroeste da Colômbia, onde procura por caracóis e lesmas nas folhagens de palmeiras, nas árvores e arbustos. Mas as florestas antigas que lhes servem de abrigo estão ameaçadas.

Parte do motivo tem a ver com a conversão de habitat em campos de pasto, dizem os investigadores num artigo que descreve a espécie, juntamente com outros quatro tipos de serpentes comedoras de caracóis recentemente identificados, na revista ZooKeys. Mas a exploração mineira representa outra ameaça.

"Vastas áreas" de floresta tropical estão a ser limpas para apoiar a exploração mineira em grande escala, que, por sua vez, devastam o habitat das serpentes, segundo os investigadores. Fora das áreas protegidas do Panamá, escrevem, apenas 54% do habitat da S. irmelindicaprioae permanece.

O estudo segue a evolução das serpentes utilizando a informação do ADN de uma variedade de espécies dentro da Dipsadini. Conhecida como uma "tribo" animal em termos taxonómicos, o grupo inclui um conjunto diversificado de serpentes comedoras de caracóis com habitat em toda a América Central.

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Actividades mineiras de ouro na província de Napo, Equador Ivan Castaneira

Os investigadores utilizaram ferramentas genéticas para criar um mapa de árvores que rastreia as relações entre as serpentes. A análise levou-os a identificar as novas espécies e a propor-lhes nomes.

A exploração mineira destrói o habitat e estimula a poluição, que afecta as lesmas e caracóis que servem como principal fonte de alimento destas serpentes. Tanto a mineração legal como a ilegal, que disparou durante a pandemia, ameaçam as serpentes, afirma o biólogo Alejandro Arteaga, co-autor do estudo, num comunicado de imprensa.

Nas florestas tropicais do Rio Nangaritza, no Equador, a mineração transformou uma paisagem intocada no pesadelo de um conservacionista, diz o investigador. O rio "já não é um paraíso", nota Arteaga que alerta: "Centenas de mineiros ilegais que utilizam retroescavadoras tomaram posse das margens do rio, que estão agora destruídas e transformadas em escombros.”

O bilionário Brian Sheth, um antigo capitalista de risco transformado em filantropo de conservação, deu nome a outra das espécies, Sibon marleyae, em homenagem à sua filha, Marley.

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