Não vai haver F1 em Portugal e as equipas estão satisfeitas

A Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting diz ao PÚBLICO que as equipas não queriam 24 corridas, pelo que ficarem apenas 23, sem GP do Algarve, vai ao encontro do que pretendiam.

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O Autódromo Internacional do Algarve Reuters/POOL

A 2 de Dezembro de 2022 anuncia-se que o Grande Prémio da China de Fórmula 1 não irá realizar-se. Em meados de Dezembro de 2022, a comunicação social dá conta de que Portugal e o Autódromo do Algarve estão na linha da frente para substituírem a corrida chinesa. A 17 de Janeiro de 2023 os organizadores do Mundial dizem que não haverá China, mas também nenhum outro. A vaga fica em branco e o campeonato passa de 24 para 23 corridas.

Porquê esta mudança? Quem esvaziou a expectativa portuguesa? A liderança do Autódromo Internacional do Algarve (AIA) diz que neste momento não faz comentários sobre a Fórmula 1, mas Ni Amorim, presidente da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), explica ao PÚBLICO que neste desfecho prevaleceu a vontade das equipas.

“Havia muita contestação. Os construtores não queriam 24 provas no Mundial, pelo que [o desfecho] vai ao encontro da vontade deles”, explica. O dirigente da FPAK confidenciou que “ainda há três dias existia a possibilidade” de a pista de Portimão ser escolhida como alternativa ao circuito chinês, que em Dezembro “estava tudo preparado e coordenado” e que esse cenário parecia até quase certo antes do virar do ano.

Assim, o que mudou em cerca de um mês? Para Ni Amorim, teve que ver com os avanços e recuos da organização do GP da China.

No final de 2022 houve manifestações intensas em território chinês um dos motivos era lutar contra as medidas de contenção da pandemia de covid-19 , algo que provocou a suavização das restrições. “Aí eles equacionaram voltar a fazer a corrida”, explica Amorim. “Mas pelos vistos decidiram que afinal não vão mesmo fazer”, conclui, ligando estes avanços e recuos à vontade das equipas de terem menos provas.

No fim de contas, todos ficaram contentes todos menos Portugal. Ni Amorim considera que “esta decisão prejudica Portugal, porque a F1 cresceu imenso no mediatismo”. “Está como nunca esteve. No último GP estiveram 400 mil pessoas, um recorde. Em Portugal tivemos duas corridas em oito meses, em 2020 e 2021, e Portugal foi falado em todo o mundo. A F1 actualmente mexe com tudo.”

Questionado sobre se algo está a ser “cozinhado” para 2024 e 2025, o presidente da FPAK diz que “ainda é muito cedo”, mas reconhece que o AIA não vai desistir de receber a F1. “Pelo que conheço do dinamismo do AIA, é natural que se volte à carga. E vai ter apoio natural e incondicional da federação.”

Houve duas sem três

Com esta decisão, o Mundial vai ter 23 provas em vez de 24. Ainda assim, continua a ser o maior número de sempre, algo que já vinha desagradando as equipas, preocupadas com o excesso de corridas.

O GP da China estava agendado para 16 de Abril, pelo que o “buraco” deixado aberto pelos organizadores do Mundial provocará um período de quase um mês entre as corridas da Austrália, no início de Abril, e do Azerbaijão, no final do mesmo mês.

A posição que Portimão, o Algarve e Portugal poderiam ocupar seria uma repetição de 2020 e 2021. Num período com diversas restrições de circulação entre países além das medidas específicas de cada nação, com repercussão em eventos desportivos , Portugal acabou por pôr o “dedo no ar” para mostrar disponibilidade de receber o maior evento automobilístico do planeta.

Os pilotos chegaram a elogiar bastante o circuito de Portimão, já que tem características diferentes do habitual, nomeadamente a nível de variabilidade na condução e desnível.

Lewis Hamilton, que foi um dos que elogiaram o traçado, foi o que melhor se deu com a pista algarvia, vencendo ambas as corridas organizadas pelo AIA. Este ano, se quiser vitórias, terá de procurar noutro local.

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