Évora, cultura em 2027

Évora e o Alentejo têm uma nova motivação, a Capital Europeia de Cultura em 2027. E nós, podemos ter esperança?

O final do passado dia 7 de dezembro foi memorável em Évora. Soubemos que em 2027 Évora será Capital Europeia da Cultura (CEC). Fiquei imensamente satisfeito, sensação só comparável às dúvidas que tive nas horas seguintes.

Antes de redigir este escrito, perguntei a alguns eborenses anónimos, aquelas pessoas com quem nos cruzamos todos os dias: “O que é para si Évora CEC?” Nenhum dos eborenses, cerca de uma dezena, tinha a mínima ideia do que será Évora 27. Sei que uma amostra de dez pessoas não significa nada, mas também sei que a sua ignorância acerca da CEC diz muito. Confesso que me incluo neste grupo, ignorante acerca da CEC.

Alguém me disse que vamos ter espetáculos de altíssima qualidade. Eventos nunca vistos por estas terras e mais turistas, será isto? No dia 7 à noite, na RTP 1 ouvi José Russo, pessoa de reconhecida responsabilidade cultural e política local (ex-presidente da maior junta de freguesia de Évora e diretor artístico do Cendrev-Centro Dramático de Évora), dizer: “Vamos reconstruir Évora”. O que quer dizer exatamente “reconstruir”? Um equívoco? Uma palavra imprópria e infeliz? Não me parece.

No dia seguinte, li no PÚBLICO, dito por quem de direito, a confirmação de que o “reconstruir” não foi lapso ou distração; Paula Mota Garcia, coordenadora da candidatura de Évora a CEC, fala em “ressignificar” não só Évora mas o Alentejo. Interpreto “ressignificar” num sentido ainda mais profundo que “reconstruir”. E se dúvidas houvesse, na mesma peça jornalística, Ana Luena, da associação Malvada, confirma: “É tempo de nos cumprirmos a nós”.

Na verdade, estou totalmente de acordo com estes responsáveis, pois temos vivido um tempo de inação, de deixar passar as oportunidades, de apostas erradas que nos conduziram ao que Évora é hoje: qualquer coisa que necessita de se ressignificar, de reconstrução, uma cidade e região que estão por cumprir. Concordo totalmente, depois de 50 anos de ditadura fascista, estamos há 50 limitados por uma ideologia de esquerda que não sabe e não pode criar riqueza. Évora e o Alentejo chegaram a um ponto que exige melhor governança, sobretudo outros caminhos, outras apostas que transformem os nossos recursos numa terra de bem-estar onde valha a pena viver, não só para alguns.

Grande verdade diz a diretora da Malvada, “é tempo de nos cumprimos”. Évora, é tempo, basta! Obviamente que esta verdade não é por acaso, cada um de nós, que cá vive, tem uma parte de responsabilidade no fracasso que só não vê e sente quem não quer ou não pode.

Por último, deixo bem claro o que espero de Évora como CEC: simplesmente uma oportunidade concretizada para criar riqueza e bem-estar.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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