Arquitectura
Em Abrantes, uma velha igreja fez-se museu para guardar a história dos Almeida
Localizada em Abrantes, a Igreja de Santa Maria do Castelo recebe o Panteão dos Almeida através de uma arquitectura reversível e minimalista. Um projecto do atelier Spaceworkers.
Dentro de uma igreja histórica com traços minimalistas e arquitectura reversível - assim surgiu o Panteão dos Almeida, em Abrantes. A igreja onde se inseriu, a de Santa Maria do Castelo, “já era um museu com alguns artefactos de escultura que estavam espalhados arbitrariamente no interior da igreja”, contou Henrique Marques, um dos arquitectos da Spaceworkers responsável pelo projecto. Agora, edificou-se no interior uma estrutura que pretende guardar a história dos Almeida de Abrantes.
Esta modificação surgiu numa discussão entre os arquitectos Henrique Marques e Rui Dinis e a câmara municipal de Abrantes. Em mente estava a ideia de criar um museu, o Panteão dos Almeida, que transmitisse a história da família de D. Diogo Fernandes de Almeida, responsável pela reconstrução da igreja em 1433. O único requisito era que “a imponência da igreja e dos túmulos não fosse violada", de forma a manter “inalterada toda a estrutura da igreja", que é um monumento nacional. A estrutura erguida permite que “tudo possa ser completamente revertido daqui a 20 anos se assim quiserem”, referiu Henrique Marques.
Apesar das poucas obras que podem ser feitas, "a ideia ficou muito clara ainda na reunião com o executivo [municipal]" e materializou-se na construção de “um estrado em madeira sobre o pavimento de barro”, que parece surgir das paredes e flutuar. Sobre ele, foram postas ao alto estruturas metálicas que seguram vidros que, com uma película de vinil, “fazem parte da realidade paralela que cria o discurso museográfico”, fazendo com que cada um represente “uma parte do conteúdo da história” da conhecida família de Abrantes, acrescentou.
Para o arquitecto, a forma como tudo foi organizado e instalado permite passear ao longo do conhecimento e “perceber a amplitude e a dimensão histórica que a igreja representa”, descreve Henrique Marques.
O Panteão dos Almeida surgiu como o fechar de um ciclo “muito enfadonho” para a Igreja de Santa Maria do Castelo, por não terem, até aquele momento, “nenhuma qualidade especial, apesar das paredes carregadas de história.” Agora, as “paredes cruzam histórias do antes e do depois” e trazem uma nova camada à história, concluiu o arquitecto.