Ucrânia quer cimeira de paz no final de Fevereiro

Ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmitro Kuleba, aponta António Guterres como possível mediador entre ucranianos e russos para pôr fim ao conflito.

Foto
Militares ucranianos em Bakhmut (Donetsk), uma das localidades na linha da frente, onde há intensos combates CLODAGH KILCOYNE/Reuters

A Ucrânia quer realizar uma cimeira de paz no final de Fevereiro, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmitro Kuleba. Afirmando que Kiev vai fazer todos os possíveis por ganhar a guerra, Kuleba destacou, no entanto, o papel importante da diplomacia, em declarações à Associated Press (AP) citadas pelo diário The Guardian.

“Todas as guerras acabam como resultado das acções levadas a cabo no campo de batalha e da mesa de negociações”, declarou, afirmando o desejo de ter uma cimeira sob os auspícios das Nações Unidas, e possivelmente com a mediação do seu secretário-geral, António Guterres, que já deu provas “de ser um mediador e negociador eficaz e, mais importante, um homem de integridade e de princípios”, pelo que a sua “participação activa” seria vista com bons olhos pela Ucrânia.

Horas antes, Kuleba tinha pedido, no Twitter, a expulsão da Rússia do Conselho de Segurança da ONU e ainda de todo o sistema das Nações Unidas, argumentando que a Rússia ocupou ilegalmente “o lugar da URSS no Conselho de Segurança da ONU” desde a dissolução da União Soviética em 1991.

Na véspera, o Presidente russo, Vladimir Putin, tinha afirmado que estava pronto a negociar e acusou a Ucrânia e os seus aliados de não o quererem fazer.

Enquanto isso, no terreno, um drone conseguiu entrar no espaço aéreo da Rússia e voar centenas de quilómetros até uma base de caças-bombardeiros russos, onde provocou uma explosão que matou três pessoas.

Moscovo diz que "três técnicos" foram atingidos por destroços do drone quando este foi abatido pelas suas forças ao aproximar-se, a baixa altitude, da base de Engels, segundo a agência russa Tass, citando o Ministério da Defesa.

A Ucrânia não comentou – como é costume em casos de ataques no interior da Rússia, nota a agência Reuters. Este terá sido o segundo ataque ucraniano contra a base, depois de outro a 5 de Dezembro.

A base, que é o maior aeródromo de onde partem os aviões que Kiev diz que Moscovo usou nos últimos meses para atacar a infra-estrutura civil ucraniana, está a mais de 500 quilómetros da fronteira com a Ucrânia.

O Exército ucraniano disse ainda esta segunda-feira que a Rússia atacou dezenas de cidades na linha da frente, nas regiões de Lugansk, Donetsk, Kharkiv (Carcóvia), Kherson e Zaporijjia.

A semana começou com restrições de emergência ao consumo de energia em cinco regiões e na capital da Ucrânia por haver ainda pouca energia eléctrica, segundo a empresa de electricidade do país. Várias linhas de distribuição foram danificadas em nove grandes ataques russos, segundo o operador, citado pelo Guardian.

A Ucrânia tem sofrido ataques russos à sua infra-estrutura eléctrica com recurso a drones e mísseis, ataques que a Rússia diz que visam diminuir a capacidade de combate da Ucrânia e não de causar dificuldades a civis, o que é um crime de guerra.

Do lado russo, a agência de espionagem russa FSB declarou que “eliminou” uma unidade de sabotagem ucraniana de quatro homens que teriam tentado entrar na região de Bryansk, que faz fronteira com a Ucrânia. A notícia é da agência russa RIA, citando um comunicado do FSB.

Os quatro homens estariam armados com armas semi-automáticas alemãs, equipamento de geolocalização e quatro engenhos explosivos improvisados.

A Rússia tem acusado forças pró-ucranianas de várias acções de sabotagem, incluindo uma explosão que causou danos numa ponte que liga a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, à Rússia.

Sugerir correcção
Ler 7 comentários