Uma homenagem à “geração Windrush” deu o prémio Turner a Veronica Ryan

Artista britânica foi nomeada pela exposição Along a Spectrum e pelas suas obras de arte pública em Hackney, Londres, que relembram o escândalo da “geração Windrush”.

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Veronica Ryan é a vencedora do prémio Turner de 2022 EPA/ADAM VAUGHAN

A escultora Veronica Ryan é a vencedora do prémio Turner de 2022, a mais importante distinção britânica no domínio da arte contemporânea.

Natural da ilha de Monserrate, território do Reino Unido, vive hoje, aos 66 anos, entre Nova Iorque e Bristol. A favorita do júri foi nomeada para o prémio Turner pela exposição Along a Spectrum, no centro de artes Spike Island, em Bristol, que cruza narrativas pessoais, o tema das migrações e as suas preocupações políticas e ambientais.

O júri, composto por vários curadores e galeristas e pelos directores da Tate Britain e da Tate Liverpool, distinguiu ainda as suas obras de arte pública, "uma expressão permanente de solidariedade" para com a "geração Windrush".

As esculturas na freguesia de Hackney, em Londres, relembram o escândalo da detenção e deportação ilegal de dezenas de pessoas, descendentes da chamada geração Windrush, que se mudou das colónias britânicas nas Caraíbas para a Grã-Bretanha nas décadas que se seguiram à Segunda Guerra Mundial.

Muitos destes cidadãos britânicos com origens caribenhas já nasceram no Reino Unido, mas foram erradamente identificados como imigrantes ilegais, como foi denunciado em 2018.

Entre o leque de finalistas do Turner, três mulheres e uma pessoa não binária, estavam: Ingrid Pollard, fotógrafa e investigadora, pela exposição Carbon Slowly Turning, que "questiona construções sociais como a 'britanicidade' ou a distinção racial", considerou o júri; Heather Phillipson, artista multimédia nomeada graças à exposição Rupture No 1: blowtorching the bitten peach, e à escultura The End, que representa um gelado com uma mosca, uma cereja e um drone.​

Por último, Sin Wai Kin, artista natural de Toronto, deve a escolha à participação no British Art Show 9, que "trouxe para o centro da consciência pública as políticas de identidade e preocupações de justiça social, racial e ambiental".

Em Abril passado, aquando da divulgação desta short list, Alex Farquharson, director da Tate Britain e co-presidente do júri, descreveu-a como "excitantemente rica e variada".

As obras dos quatro finalistas cruzam-se em temas como o pós-colonialismo, feminismo ou questões de género.

Veronica Ryan tornou-se esta quarta-feira a pessoa mais velha a vencer o prémio Turner e 25 mil libras, quase 30 mil euros. Pollard, Phillipson e Sin Wai Kin recebem cinco mil libras, perto de seis mil euros.

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