Por um punhado de moedas de ouro
Retrato, bastante severo, da vida iraniana citadina de todos os dias, conservando uma dimensão crucial de fábula económica.
Quando há uns meses estreou em Portugal A Lei de Teerão (que sendo o filme da revelação internacional de Saeed Roustayi, era já a sua segunda longa-metragem), o primeiro impulso era dizer que se tratava de “outro” cinema iraniano, com uma intensidade narrativa e até o recurso a alguns modelos de género (o policial urbano, no caso) relativamente divergentes face à ideia geral que ao longo dos anos fomos construindo sobre o cinema vindo do Irão. Mas é um impulso parcialmente erróneo, e este Os Irmãos de Leila (o filme seguinte de Roustayi) confirma-o: é a mesma raiz, eventualmente com outra interpretação das dos grandes mestres mais célebres, mas a mesma raiz, plantada na ansiedade e na angústia com que se faz aparecer o corriqueiro e o quotidiano, e numa espécie de movimento constante, questão quase de vida ou de morte, que é ao mesmo tempo a origem e o produto dessa ansiedade e dessa angústia.