Sobrecarga horária motiva protesto dos alunos do ensino profissional

“Arrebenta com a sobrecarga horária” é o mote de várias acções de protesto em curso durante esta semana.

Foto
Os cursos de hotelaria e turismo continuam a ser dos mais procurados Nuno Ferreira Santos

Com uma carga horária semanal que ronda as 40 horas por contraponto às 27 dos seus colegas dos cursos científico-humanísticos, os alunos do ensino profissional estão por estes dias em protesto para tentar pôr fim a esta sobrecarga. Afirmam tão só o seguinte: “Não aceitamos que nos imponham a ideia de que ser estudante do ensino profissional é sinónimo de não ter tempo para viver”.

É uma das proclamações que integram a carta reivindicativa aprovada num encontro nacional dos estudos dos cursos profissionais do ensino secundário, realizado no início do mês, na qual se apela à participação numa “semana de luta”, que arrancou no passado dia 5 e que se prolonga até à próxima sexta-feira. O mote desta acção? “Arrebenta com a sobrecarga horária”.

Por ser este o lema escolhido, o presidente da Associação de Estudantes da Escola Profissional de Hotelaria e Turismo de Lisboa, Bruno Martins, relata ao PÚBLICO que as acções de protesto passam por encher balões em que escrevem frases com os “problemas da escola e do ensino profissional” e que rebentam depois.

Estas acções arrancaram na segunda-feira na Escola Profissional Magestil, em Lisboa. Nesta terça-feira ocorreram em outras cinco escolas de Lisboa, Porto e Aveiro.

Os estágios em empresas são obrigatórios no ensino profissional, onde ganham o nome de Formação em Contexto de Trabalho. São mais 600 horas que se somam às cerca de 40 horas de carga lectiva semanal,

Para garantir a realização de estágios, as escolas e outras entidades formadoras celebram protocolos com empresas da região onde estão sediadas. Nas zonas do interior várias vezes a oferta restringe-se a uma só empresa. Um inquérito realizado aos alunos que em 2017/2018 estavam a terminar o ensino profissional dá conta de que os mais insatisfeitos com os estágios eram precisamente os estudantes que apenas tiveram uma opção.

Durante o estágio, os alunos recebem uma bolsa de profissionalização, que ronda os 50 euros por mês, e que se junta a outros apoios ao longo dos três anos do curso, como o subsídio de transporte e de alimentação. Estes apoios são financiados por fundos europeus, que praticamente todos os anos chegam com atrasos às escolas. Este é outros dos problemas identificados na carta reivindicativa dos alunos do profissional, onde se exige que estes sejam pagos “a tempo e horas e que acompanhem o aumento dos preços”.

Existem outras reivindicações como, por exemplo, o fim do sistema de faltas em vigor no ensino profissional, mais penalizador daquele que existe nos cursos científico-humanísticos. Mas a aposta principal está feita: “o problema identificado por todos, independentemente do curso, da escola ou do distrito” é a sobrecarga horária.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários