Só a vitória serve para quatro selecções

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Casemiro no treino do Brasil Reuters/AMANDA PEROBELLI

Com Brasil e Portugal já com a presença confirmada nos oitavos-de-final do Mundial 2022, a última jornada dos Grupos G e H vai definir quem irá preencher as duas últimas vagas. Todas as equipas têm possibilidade de avançar, com Gana e Suíça melhor colocadas, pois contabilizam três pontos cada.

Camarões e Sérvia no Grupo G e Coreia do Sul e Uruguai no Grupo H só ainda somaram um ponto cada, mas uma vitória e alguma ajuda de terceiros pode abrir-lhes o caminho para os “oitavos”.

Camarões-Brasil

Os Camarões precisam de vencer o pentacampeão Brasil para avançar no Mundial 2022 e o treinador Rigobert Song sabe do que os seus jogadores são capazes: em Fevereiro, no jogo de atribuição do terceiro lugar da CAN, o Burkina Faso vencia por 3-0 a vinte minutos do fim e os camaroneses acabaram por empatar o encontro e ganhar nos penáltis; um mês depois, os Camarões asseguraram um lugar no Qatar ao vencer a Argélia graças a um golo marcado nos descontos do prolongamento; e na segunda-feira, Vincent Aboubakar (entrado aos 55 minutos) e Choupo-Moting foram os autores dos dois golos na última meia-hora que permitiram recuperar de 1-3 diante da Sérvia.

Mas os resultados da selecção que, em 1990 e liderada por Roger Milla, atingiu os quartos-de-final do Mundial, têm sido decepcionantes. Desde o Mundial de Itália, os Camarões ganharam somente um encontro, em 2020, frente à Arábia Saudita, perderam os seis jogos realizados nos Mundiais de 2010 e 2014 e, no Qatar, somaram a oitava derrota consecutiva em Mundiais, diante da Suíça.

A resposta dada frente à Sérvia mostra a vontade dos “Leões Indomáveis” e também que a suspensão do guarda-redes Onana, por não aceitar as indicações do treinador durante um treino, não afectou o grupo.

E até já ganharam ao Brasil uma vez – em 2003, na Taça das Confederações, com um golo do actual presidente da federação camaronesa, Samuel Eto’o –, tendo perdido nas duas confrontações em Mundiais: 1994 (3-0) e 2014 (4-1).

Por contraste, o Brasil só perdeu um dos últimos 29 encontros que já disputou nas fases de grupos de Mundiais e, desde que perdeu com a Noruega no Mundial 1998, soma 17 encontros sem perder nessa fase. E é a única equipa neste Mundial que ainda não sofreu um golo.

Com a qualificação garantida, Tite vai fazer várias alterações na equipa titular a começar pela baliza que será entregue a Ederson. À sua frente, uma linha defensiva, composta por Alex Telles, Militão, Bremer e Dani Alves, que ostentará a braçadeira de capitão. Aos 39 anos, o lateral direito tornar-se-á no mais velho futebolista brasileiro a vestir a camisola “canarinha” – ultrapassando o colega Thiago Silva, um ano mais novo.

Embora sem competir oficialmente nos dois últimos meses, Dani Alves foi uma escolha polémica do seleccionador Tite que privilegiou a experiência do defesa que se estreou na selecção brasileira em 2006 e foi seleccionado para os Mundiais de 2010 e 2014.

Outras certezas são as chamadas de Rodrygo para o meio-campo e as ausências dos autores dos golos brasileiros, Richarlison (dois frente à Sérvia) e Casemiro (um com a Suíça). Também Neymar, lesionado num tornozelo, continua afastado e será reavaliado no sábado para saber-se se poderá voltar a actuar neste Mundial.

Em caso de derrota, o Brasil poderá até perder o primeiro lugar do Grupo para a Suíça e colocar-se no caminho de Portugal, nos “oitavos”.

Sérvia-Suíça

A Sérvia vai entrar em campo com um objectivo único: vencer. Já a Suíça estará mais na expectativa do que se passa no Camarões-Brasil, pois uma vitória da equipa brasileira, deixa-os a necessitar de somente um ponto.

A selecção da Suíça, renovada por Murat Yakin procura a terceira qualificação consecutiva para os oitavos-de-final do Mundial, com três pontos somados, pela vitória na jornada inaugural sobre os Camarões, pela margem mínima e sem sofrer golos. Seguiu-se uma derrota indigesta diante do Brasil, consentida ao minuto 83.

A Sérvia sofreu igualmente uma decepção ao empatar (3-3) com os Camarões, depois de terem estado em vantagem, por 3-1. Em relação ao encontro inaugural com o Brasil, a selecção de Dragan Stojkovic apresentou melhorias, muito por causa das recuperações de jogadores chave como Mitrovic – que marcou o sétimo golo nas últimas seis presenças na selecção – e Vlahovic; segundo Stojkovic, a Sérvia chegou ao Qatar com sete jogadores lesionados.

Mas ao contrário de Kostic que reapareceu nos titulares e jogou 90 minutos, Vlahovic e Jovic não saíram do banco. O central Pavlovic, substituído aos 56 minutos, estão igualmente em dúvida.

As duas selecções defrontaram-se igualmente no último Mundial, com a Suíça a vencer por 2-1, com golos de Xhaka e Shaqiri. Este último não saiu do banco frente ao Brasil, mas poderá regressar aos titulares.

Gana-Uruguai

Doze anos depois de se terem defrontado nos quartos-de-final do Mundial da África do Sul, Gana e Uruguai voltam a reencontrar-se. Na altura, foram os uruguaios a imporem-se num jogo dramático, decidido nos penáltis (4-2), após 1-1 nos 120 minutos e um penálti falhado por Asamoah Gyan no prolongamento, depois de Luís Suarez evitar o golo com a mão e ser expulso.

Desta vez, está em jogo a passagem aos oitavos-de-final e o Gana está em vantagem, pois não está tão dependente da vitória; no cenário de Portugal não perder por mais de dois golos, o empate viabiliza a qualificação. Uma posição confortável alcançada pelo Gana, depois de derrotarem (3-2) a Coreia do Sul e compensarem a derrota (3-2) com a selecção portuguesa.

O Gana tenta voltar à fase de eliminação directa, após terem sido quarto-finalistas em 2010. No Mundial de 2014, só somaram um ponto na fase de grupos e, em 2018, não conseguiram estar presentes na Rússia.

Já a selecção uruguaia é uma presença assídua nos oitavos-de-final dos Mundiais; a última vez que falhou esse objectivo foi em 2002. Vinte anos volvidos, o Uruguai está numa posição delicada. A selecção de Diego Alonso precisa de uma vitória, mas ainda não marcou um golo nos dois encontros realizados: Coreia do Sul (0-0) e Portugal (0-2).

A selecção albiceleste, campeã em 1930 e 1950, está muito confiante para o duelo com os ganeses, mas ainda não poderá contar com o defesa do Barcelona, Ronald Araujo, a recuperar de lesão.

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