Sobrinha do líder supremo do Irão pede ao resto do mundo que corte laços com Teerão

“Gente com liberdade, estejam ao nosso lado e digam aos vossos governos para pararem de apoiar este regime assassino de crianças”, diz Farideh Moradkhani no vídeo.

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Ali Khamenei num discurso perante as milícias Bassij EPA/Iranian supreme leader office

A sobrinha do ayatollah Ali Khamenei, o líder supremo do Irão, uma conhecida activista, pediu aos governos internacionais para cortarem todos os laços com Teerão por causa da violenta repressão das manifestações populares desencadeadas pela morte de Mahsa Amini, de 22 anos, depois de ter sido detida pela chamada “polícia da moralidade”.

Um vídeo com uma declaração de Farideh Moradkhani — engenheira cujo pai, casado com a irmã do Khamenei, foi uma figura proeminente da oposição — começou a circular online depois de a organização HRANA (Human Rights Activists News Agency) ter noticiado a sua prisão a 23 de Novembro.

“Gente com liberdade, estejam ao nosso lado e digam aos vossos governos para pararem de apoiar este regime assassino de crianças”, diz Moradkhani no vídeo. “Este regime não é leal a nenhum dos seus princípios religiosos e não conhece outras regras senão a manutenção do poder”.

O gabinete do ayatollah Ali Khamenei não respondeu a um pedido da Reuters para um comentário.

Segundo a HRANA, 450 manifestantes foram mortos em mais de dois meses de protestos nacionais, até ao dia 26 de Novembro, incluindo 63 menores. A HRANA diz ainda que 60 membros das forças de segurança foram mortos e 18.713 manifestantes detidos.

Os protestos, desencadeados pela morte da jovem de 22 anos de origem curda-iraniana, Mahsa Amini, detida por alegadamente não usar de forma correcta o obrigatório hijab (lenço islâmico), são a maior onde de contestação dos últimos anos ao regime clerical estabelecido em 1979.

Jalal Mahmoudzadeh, membro do parlamento da maior cidade curda de Mahabad, disse este domingo que 105 pessoas tinham sido mortas nas regiões habitadas por curdos durante os protestos. Mahmoudzadeh falava durante um debate no parlamento, segundo o site Entekhan.

Desafiando a legitimidade da república islâmica, manifestantes queimaram fotografias de Khamenei e pediram o derrube da teocracia muçulmana xiita no Irão.

O vídeo foi partilhado no Youtube na sexta-feira pelo irmão de Farideh Moradkhani, que vive em França e que se identifica no Twitter como um opositor da república islâmica, e por activistas iranianos. Mahmoud Moradkhani denunciou a prisão da irmã a 23 de Novembro, depois de uma ordem do tribunal para que se apresentasse às autoridades judiciais. Farideh já tinha sido presa no início deste ano pelo ministério da segurança interna iraniano e depois libertada sob fiança.

Segundo o site da HRANA, Farideh estava numa prisão de alta segurança de Teerão. O irmão foi alvo de uma sentença de 15 anos de prisão por acusações não especificadas. O pai dos dois, Ali Moradkhani Arangeh, era um clérigo xiita casado com a irmã do ayatollah Ali Khamenei e que morreu recentemente depois de anos de isolamento devido às suas posições contra a república islâmica, de acordo com o website.

Farideh Moradkhani acrescenta no vídeo: “Agora é o momento de todos os países democráticos e livres de retirarem os seus representantes deste regime brutal.”

Na quinta-feira, o organismo de direitos humanos das Nações Unidas decidiu por uma margem confortável estabelecer uma nova missão de investigação para olhar para o violento sistema de segurança de Teerão contra os protestos governamentais.

Não é a primeira vez que familiares de responsáveis do regime o criticam. Em 2012, Faezeh Hashemi Rafsanjani, a filha do anterior Presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, foi condenada a pena de prisão por “propaganda contra o Estado”.

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