Ángela Álvarez fez história nos Grammys. Aos 95 anos é a melhor nova artista

“Para aqueles que ainda não realizaram os seus sonhos, saibam que, embora a vida seja difícil, há sempre uma saída e com fé e amor tudo pode ser alcançado”, disse a cantora nascida em Cuba.

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Aos 95 anos, Ángela Álvarez declara: "Embora a vida seja difícil, há sempre uma saída" KIMBERLY YATSKO

Ángela Álvarez canta há mais de nove décadas, sem nunca ter perdido a esperança de um dia se assumir como música profissional.

Agora, aos 95 anos de idade, a mulher excedeu todos os seus sonhos: acabou de ganhar um Grammy Latino de Melhor Artista Nova, tornando-se, na quinta-feira à noite, a pessoa mais velha da história dos Grammys Latinos a ganhar um prémio.

“Para aqueles que ainda não realizaram os seus sonhos, saibam que, embora a vida seja difícil, há sempre uma saída e com fé e amor tudo pode ser alcançado”, disse a cantora, nascida em Cuba, no momento em que recebeu o prémio, partilhado com Silvana Estrada, uma música mexicana de 25 anos.

Para Ángela​, o caminho para se tornar a melhor nova artista estava longe de ser fácil. A sua viagem foi repleta de vários contratempos, começando com a desaprovação precoce do seu pai ao seu plano de se tornar uma cantora profissional.

“Canta-se para a família, mas não para o mundo”, lembra-se de o ouvir dizer.

Ángela também esteve separada dos seus quatro filhos pequenos (três rapazes e uma rapariga) durante dois anos, numa época de turbulência política em Cuba, nos anos 60 do século passado, e perdeu o seu marido e a sua única filha que morreu de cancro. No meio de todos os desaires, a cubana nunca desistiu do seu sonho de partilhar a sua música com o mundo.

O seu neto, o compositor Carlos José Álvarez, que vive em Los Angeles, decidiu produzir um álbum com a música da avó, que foi lançado em Junho de 2021. Sobretudo, fê-lo pela sua família. E não estava à espera do que se seguiria para a sua avó, a quem chama Nana: um documentário e um papel no recente reboot de Pai da Noiva, com Andy Garcia como protagonista.

Ganhar um Grammy latino é a mais recente adição à lista de triunfos de Ángela. “Tem havido tantas surpresas surpreendentes à volta disto”, disse Carlos Álvarez, de 42 anos, ao The Post. “Este projecto é um presente que continua a dar fruto.”

A história da cantora, para Carlos, destaca “a necessidade de realizar aquele sonho que vive em cada um de nós”.

No seu discurso de aceitação, Ángela Álvarez agradeceu ao seu neto, que a acompanhou à cerimónia de entrega de prémios, em Las Vegas, e ficou ao seu lado no palco. “Foi ele que me ajudou a chegar aqui”, declarou.

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Ángela Álvarez com o neto, Carlos José Álvarez BRYONY SHEARMUR

Entretanto, nas redes sociais, os louvores multiplicam-se, como os fãs a escreverem que Ángela é uma inspiração. “Uma chamada de atenção de que nunca se deve parar de sonhar”, escreveu alguém. Outra pessoa desabafou: “Os sonhos não envelhecem.”

Já Ángela Álvarez deixou uma nota de esperança no seu discurso: “Prometo-vos: nunca é tarde demais.”


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Carla B. Ribeiro

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