PCP rejeitou propostas que relacionavam voto contra OE2022 e quebras eleitorais

Ficaram também de fora propostas de alteração que “refaziam uma avaliação da situação internacional”.

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A Conferência Nacional decorre no Seixal, este fim-de-semana Nuno Ferreira Santos

A direcção do PCP rejeitou propostas de alteração ao projecto de resolução política que relacionavam o voto do partido contra o Orçamento do Estado para 2022 com quebras eleitorais e as que “refaziam uma avaliação da situação internacional”.

Estes dados foram anunciados pelo membro da Comissão Política do PCP Vasco Cardoso, na primeira intervenção de delegados na Conferência Nacional do partido, que se realiza este sábado e domingo no Pavilhão do Alto do Moinho, no Seixal.

Vasco Cardoso adiantou que foram recebidas mais de 500 propostas de alteração ao texto, que será votado pelos delegados nesta Conferência, e que não foram aceites propostas “que estabeleciam a relação entre a nova fase da vida política nacional e resultados eleitorais obtidos, ou as que correlacionavam a opção de voto contra o Orçamento do Estado para 2022 com quebras eleitorais”.

O chumbo do Orçamento do Estado para 2022 marcou o fim da “geringonça” que juntou PS, PCP, BE e Partido Ecologista Os Verdes desde 2015 e levou à marcação de eleições legislativas antecipadas em Janeiro.

Vasco Cardoso adiantou que também não foram aceites propostas “que refaziam uma avaliação da situação internacional, desvalorizando o papel do imperialismo americano enquanto principal factor do seu agravamento”.

Acabaram igualmente rejeitadas “propostas que colidiam com teses centrais assumidas no XXI Congresso ou no programa do partido” ou “as que propunham elementos de conjuntura, desenvolvimentos ou arrumações desadequadas aos objectivos do texto”.

O membro da comissão política do PCP realçou, no entanto, que foram aceites várias alterações ao texto, tendo sido introduzidos pontos como a identificação da “China como alvo principal do imperialismo” bem como o “combate a todas as discriminações, designadamente em função da orientação sexual”.

“Precisaram-se aspectos sobre as dificuldades, insuficiências, atrasos e deficiências que se colocam na organização e intervenção partidárias. Acrescentaram-se dois novos pontos sobre os direitos da juventude e a paz”, afirmou.

Vasco Cardoso respondeu no seu discurso a algumas críticas que têm sido lançadas ao partido relacionadas com o seu funcionamento interno.

“Não será demais lembrar, quando alguns por aí se escandalizam com a vida interna do PCP, o seguinte: o trabalho colectivo decorre da própria natureza do PCP, que vê na iniciativa dos militantes uma fonte de energia, de força e unidade”, defendeu.

Vasco Cardoso realçou que o PCP é um partido que “em matéria de democracia interna, tem um património ímpar pelo valor do trabalho colectivo, que estimula o debate, a opinião e a participação e que recusa concepções assentes na superficialidade da análise e nos limites do pensamento único”

“Para onde nos gostariam de arrastar”, disse, soltando palmas da plateia.

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