Montenegro acusa Governo de ser a “empresa” com mais lucros extraordinários

Luís Montenegro reagiu à proposta do Governo de tributação dos lucros extraordinários das grandes empresas e criticou a “política da meia-verdade” do executivo, este sábado, num encontro da JSD.

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Luís Montenegro discursou na I Cimeira Ibérica organizada pela JSD LUSA/RODRIGO ANTUNES

Naquela que pareceu mais uma paragem da campanha eleitoral que Luís Montenegro está a fazer pelo país, o presidente do PSD aproveitou a I Cimeira Ibérica organizada pela JSD este fim-de-semana em Lisboa para lançar-se ao Governo, acusando o executivo de ser a “empresa que em Portugal teve mais lucros extraordinários” e criticando a forma “dissimulada” e “matreira” como os socialistas fazem política.

No Hotel Real Palácio, numa sala para 25 pessoas que não encheu, Montenegro começou por responsabilizar o PS por um “pântano” e uma “bancarrota” nos últimos 20 anos e, depois, atacou o Governo de António Costa colando-o ao “maior momento de empobrecimento acumulado de que há memória na nossa democracia” e a uma “política da meia-verdade”.

“Nunca dizem a verdade toda, nunca. E quando querem anunciar qualquer coisa, fica tudo pela metade”, afirmou, repetindo as críticas já feitas sobre o “corte” nas pensões, o acordo entre Portugal, Espanha e França para um corredor verde para o centro europeu e o facto de o executivo não ter respondido no debate do Orçamento do Estado (OE) para 2023 sobre o processo de reprivatização da Efacec.

"Esta forma dissimulada e matreira de fazer política não enobrece a política, não enobrece o Governo, não dá confiança aos cidadãos e significa brincar com dinheiro que é de todos”, atirou.

Sobre o OE, Montenegro aproveitou para censurar tanto a carga fiscal prevista na proposta do executivo como a anunciada proposta do Governo para taxar os lucros extraordinários das grandes empresas no debate na generalidade esta quarta-feira.

"A empresa que em Portugal teve mais lucros extraordinários foi o PS, o seu Governo e a administração central”, atirou o social-democrata, que acredita que o dinheiro que o Estado vai arrecadar com essa taxa “vai ser uma gota no oceano dos impostos que nos cobraram a mais”.

Para Montenegro, os lucros “exorbitantes, excendentários” e “obscenos” foi o “Estado socialista” que “quis ganhar à custa do efeito da inflação na economia”, reiterou, afirmando que o OE “merece um chumbo” pela “imoralidade na cobrança de impostos”.

"Contas certas” sim, mas não à custa do empobrecimento

O presidente dos sociais-democratas quis ainda clarificar uma declaração que fez no discurso de encerramento das Jornadas Parlamentares do partido quando disse que as “contas certas” do Governo estão a levar ao “empobrecimento” do país, por ter recebido críticas de que o “PSD se estava a descaracterizar” ao não concordar com esse objectivo.

Garantindo que “é bom” que o país tenha as “contas públicas equilibradas”, Montenegro assegurou que o PSD nunca se descaracteriza porque não é “daqueles que se juntam aos extremos políticos só para sobreviver e governar”.

Mas alertou que “é importante termos essa reflexão,” já que as “contas públicas certas” não devem ser “o fim da política e muito menos são o fim da política governativa”, mas antes “um pressuposto” e “um instrumento”. Para o presidente do PSD, “é melhor, com certeza, do que estarem desequilibradas”, mas é preciso “dizer a verdade aos portugueses": que “as contas públicas estão certas porque a opção do PS foi empobrecer as pessoas”.

Uma tentativa de “afirmar a alternativa” dos sociais-democratas

Num momento em que o PSD procura voltar a afirmar-se, a I Cimeira Ibérica organizada entre as “jotas” dos dois maiores partidos da oposição, a JSD e as “Nuevas Generaciones” do Partido Popular espanhol, serviu também para “fortalecer a intervenção política” dos sociais-democratas e chegar de “forma mais eficiente” aos eleitores, como admitiu Montenegro.

No caso português, o horizonte é 2026, mas Montenegro reiterou que o Governo parece estar “em fim de ciclo” devido à “descoordenação”, “intriga”, “confusão” e “tantas querelas” que não estão relacionadas com a “oposição”, mas com “a incapacidade” do executivo.

E ao facto de António Costa estar no poder há sete anos, já depois de ter sido secretário de Estado, ministro, presidente de câmara e “número dois do partido” durante o Governo de José Sócrates, quis lembrar Montenegro, para acusar os socialistas de estarem a “despertar outra vez um grande apreço” pelo antigo primeiro-ministro.

A intenção foi também assumida pelo líder da JSD, Alexandre Poço, que disse esperar que as relações futuras entre as forças políticas “não se fiquem por cimeiras ou encontros anuais”, mas permitam preparar os partidos sociais-democratas “para substituir ambos os partidos socialistas” e “afirmar a alternativa política” dos mesmos.

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