The Animals e Doug MacLeod no festival Nova Arcada Braga Blues 2022

Durante duas semanas, os blues vão tomar conta de Braga. O festival começa este domingo, com uma conversa-concerto com Paulo Gonzo e fecha a 13 de Novembro com um concerto duplo.

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Doug MacLeod, “um ser galáctico do blues acústico” JEFF FASANO

Começa em conversa e acaba em música: o Nova Arcada Braga Blues, estreado em 2017, está de volta para duas semanas de blues, com vários encontros, pequenos concertos e um cartaz principal concentrado segundo fim-de-semana de Novembro, primeiro com Budda Guedes & Ana Bacalhau (dia 9, no Altice Fórum Braga, às 21h30), depois com os britânicos The Animals, que após a saída de Eric Burdon tiveram várias formações, a mais recente das quais liderada por um dos fundadores do grupo, o baterista John Steel (dia 10, também, no Altice Fórum Braga, às 21h30) e, por último, o regresso de um dos grandes senhores do blues norte-americano, Doug Macleod, que tocará, num concerto duplo, na mesma noite dos espanhóis Wax & Boogie (de Barcelona) com o saxofonista britânico Drew Davies, que com ele tem vindo a colaborar (dia 12, no Theatro Circo, às 21h30).

Gonzo e os Go Graal

Budda Guedes (dos Budda Power Blues), ligado desde o início à organização deste festival, que conta com o apoio logístico da Câmara Municipal de Braga e o patrocínio do Nova Arcada, explica ao PÚBLICO que o festival se compõe de várias actividades: “A ideia doi sempre a de um festival que envolva toda a cidade, por isso ao longo destes dias haverá vários concertos em bares e cafés da cidade, jam sessions, vamos a escolas, etc.” O arranque, já neste domingo, faz-se com uma rubrica que tem sido habitual ao longo dos anos, Vamos falar de blues, desta vez com Paulo Gonzo, que começou a sua carreira da música exactamente pelos blues, com a Go Graal Blues Band. Será no Cine Place Nova Arcada, às 17h, com entrada livre.

“É uma entrevista-concerto que abre o festival todos os anos, chama-se Vamos falar de blues e é um programa que eu tenho no YouTube e que para o festival é feita ao vivo, com público. Convido alguém aparentemente fora do blues para vir falar da importância do blues na sua carreira, se lhe diz agora coisa. Porque o blues está presente na música de muita gente, desde o Rui Veloso ao Sérgio Godinho, ao Camané, todos eles apanharam blues de uma maneira ou de outra, através do jazz, do rock, do funk.” Nas edições anteriores, os convidados foram Pedro Abrunhosa, Rui Veloso, João Cabeleira e José Cid.

Indo directamente ao cartaz principal, o primeiro concerto inclui-se também numa outra rubrica regular, intitulada Portuguese Blues Reunion. Este ano, conta o próprio Budda Guedes juntamente com Ana Bacalhau, a vocalista dos Deolinda que se estreou a solo em 217 e desde então já gravou dois álbuns, Nome Próprio (2017) e Além da Curta Imaginação (2021). Em anos anteriores, estes concertos contaram com duplas improváveis como Mário Laginha a tocar com Frankie Chavez.

“O repertório é escolhido pelo convidado”, diz Budda Guedes. “Este ano, vamos fazer alguns temas da Ana Bacalhau e dos Deolinda com versões mais ‘bluesadas’ e alguns temas que ela considera clássicos do blues.” O convite nasceu de um concerto inesperado, durante um concerto. “Acabei por convidá-la porque a encontrei num concerto do João Gil, estivemos à conversa um bocadinho no fim do concerto e ela disse-me que tinha crescido no blues, que era o seu género musical. Ela tem um ‘soul’ incrível e é muito surpreendente o timbre dela a cantar blues, muito diferente da Ana Bacalhau que conhecemos, tem aquela garra de Janis Joplin ou Joss Stone.”

Concertos avassaladores

O segundo concerto, com os britânicos The Animals, não se deve às memórias da muito difundida e celebrada The house of the rising sun (o grande êxito do grupo, em 1964), mas sim ao facto de Budda Guedes os ter visto ao vivo e ter ficado entusiasmado com o som actual do grupo. “Vi um concerto deles, incrível, no Gaia Blues, que é um festival que já está extinto, e outro no Seia Blues. Conheci-os pessoalmente e desde então tem andado na calha convidá-los. O que me surpreendeu foi o som deles, que, mesmo mudando músicos, não defraudam o público.” A formação que virá até Portugal intitula-se The Animals and Friends, com John Steel (bateria), Danny Handley (guitarra, vocais), Roberto Ruiz (baixo, vocais) e Barney Williams (teclados).

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Os catalães Wax & Boogie DR

Por fim, o concerto duplo da noite de encerramento traz de volta alguém que já participara na segunda edição do Nova Arcada Braga Blues, Doug MacLeod. “É considerado o maior músico de blues acústico do mundo, está farto de ganhar Blues Awards. É um ser galáctico do blues acústico, um comunicador nato e é um concerto absolutamente incrível, avassalador. Já veio ao festival em 2018 e nos anos seguintes o público vem sempre perguntar quando é que ele volta.” A seguir a ele, entrarão em palco os Wax & Boogie com Drew Davies, do País de Gales. “São uma banda da Catalunha considerada uma das melhores do boogie-woogie da Europa, num estilo anos 30 e 40, muito cabaré, mas com um ‘soul’ enorme. A cantora, a Ster Wax, é fora de série. Conhecemo-los num festival em Itália, onde tocámos juntos. E eles tiveram um concerto demolidor.”

Uma jam session especial

Horas antes deste concerto, a cantora e o pianista dos Wax & Boogie, Ster Wax e David Giorcelli, vão fazer um showcase no Café Chave D’Ouro, às 18h, só voz e piano acústico. E na véspera, dia 11, haverá uma jam session no Boca Maldita, às 22h, com entrada gratuita, a não perder. “Todas as semanas temos uma jam session de blues às quartas-feiras, em Braga”, diz Budda Guedes. “Ali se improvisa blues e se junta a comunidade dos músicos para tocarem blues. Esta, do festival, é sempre especial, porque grande parte dos músicos que participam nos concertos estarão lá, e este ano teremos músicos dos Animals, o Doug MacLeod, os Wax & Boogie. E o público que quiser tocar com eles, porque estas sessões são abertas à participação de quem queira tocar.”

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