“Esquadras ilegais” no estrangeiro. China nega, diz que são “centros de serviços para chineses”

Os centros servem para apoiar “um elevado número de cidadãos chineses” que não conseguem regressar à China devido à pandemia de covid-19, explicou o MNE. Países Baixos já abriram investigação.

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Governo de Xi Jinping reagiu às notícias sobre as alegadas esquadras ilegais EPA/JEROME FAVRE

A China rejeitou acusações, feitas por uma organização não governamental (ONG), de que terá criado meia centena de “centros de serviço policial” em vários países para controlar dissidentes, incluindo em Portugal.

Numa conferência de imprensa regular, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, defendeu na quarta-feira que as estruturas “são, na verdade, centros de serviços para chineses no estrangeiro”.

Os centros servem para apoiar “um elevado número de cidadãos chineses” que não conseguem regressar à China devido à pandemia de covid-19, por exemplo, na renovação de cartas de condução chinesas, disse Wang.

O porta-voz acrescentou que as autoridades chinesas estão “totalmente comprometidas com o combate aos crimes transnacionais de acordo com a lei, observando de forma rigorosa a lei internacional e respeitando plenamente a soberania judicial de outros países”.

Wang tinha sido questionado sobre uma investigação, anunciada horas antes pelo Governo dos Países Baixos, sobre a alegada criação de duas esquadras de polícia ilegais chinesas em Amesterdão e em Roterdão.

De acordo com notícias dos media neerlandeses, as duas alegadas “esquadras chinesas” afirmam oferecer assistência diplomática a cidadãos da China, mas não foram registadas no Governo dos Países Baixos.

Num relatório divulgado em Setembro, a ONG Safeguard Defenders acusou Pequim de manter meia centena de “centros de serviço policial” em vários países, que terão persuadido 230.000 alegados fugitivos a regressar à China entre Abril de 2021 e Julho de 2022.

Três dessas “esquadras ilegais” funcionarão em Portugal, segundo a ONG, com sede em Madrid.

Quarta-feira, as autoridades dos Países Baixos anunciaram que estão a investigar informações de que a China terá criado duas esquadras de polícia ilegais no país para controlar dissidentes.

“Os ministros da Justiça e Segurança e dos Negócios Estrangeiros tomaram nota do relatório da Safeguard Defenders e levam o conteúdo a sério”, disse o porta-voz da diplomacia de Haia, Maxime Hovenkamp, à agência noticiosa francesa AFP.

“O Ministério dos Negócios Estrangeiros está actualmente a investigar as actividades dos chamados ‘centros de polícia’. Quando tivermos mais clareza sobre isto, serão tomadas as medidas apropriadas”, acrescentou.

De acordo com notícias dos media neerlandeses, as duas alegadas “esquadras chinesas” afirmam oferecer assistência diplomática a cidadãos da China, mas não foram registadas no Governo dos Países Baixos.

O relatório da Safeguard Defenders foi divulgado em Portugal pelo líder da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim Figueiredo, no final de Setembro, durante um debate na Assembleia da República.

Na altura, Cotrim Figueiredo questionou o primeiro-ministro se sabia da existência de tais estruturas da polícia chinesa em Portugal, tendo António Costa respondido que desconhecia e sugerido ao líder da IL que informasse a Procuradoria-Geral da República (PGR).

A Lusa questionou posteriormente a PGR sobre a eventual abertura de um inquérito, mas não obteve resposta até ao momento.

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