Portugal é o país da UE onde as pessoas se sentem menos informadas sobre a qualidade do ar

Inquérito Eurobarómetro revela atitudes dos europeus face à poluição atmosférica. A maior parte da população desconhece os padrões de avaliação do ar que respiramos.

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Quando aos responsáveis pela má qualidade do ar, a maioria da população aponta o dedo às grandes instalações industriais Nelson Garrido

Portugal é o país da União Europeia onde as pessoas dizem sentir-se menos informadas acerca dos problemas da qualidade do ar e poluição atmosférica (58% dos portugueses reconhecem não estar muito bem informados, e 21% nada informados, um total de 79%, e essa percentagem cresceu ligeiramente em relação a 2019). Na União Europeia (EU), a proporção é de 46% (pouco informados) e 14% (nada informados), revela o Eurobarómetro sobre as atitudes dos europeus face à qualidade do ar, divulgado nesta segunda-feira.

Cerca de metade dos europeus (47%), considera que a qualidade do ar piorou nos últimos anos. Em Portugal, 46% é da mesma opinião. No entanto, houve um recuo de 11 pontos percentuais em relação ao que os europeus diziam sentir em 2019, e de quatro pontos em Portugal.

A grande maioria dos cidadãos europeus, no entanto, diz que nunca ouviu falar dos padrões de qualidade do ar estabelecidos pela União Europeia (73%). Em Portugal, esse desconhecimento é menor: é partilhado por 62% da população. Mas, apesar de as desconhecerem, tanto portugueses como os outros cidadãos europeus consideram que essas regras devem ser reforçadas (68% em Portugal).

Essa opinião é mais representada nos países em que é mais forte a ideia de que a qualidade do ar diminuiu, como Malta, Chipre ou França. Portugal fica mais ou menos a meio da tabela. O país onde é maior a proporção dos cidadãos que consideram que a qualidade ar melhorou mais (39%) é a República Checa.

A esmagadora maioria dos europeus considera que as doenças relacionáveis com a poluição do ar são um problema grave no seu país. A nível europeu, 89% vê as doenças respiratórias, desta forma, quando em Portugal essa percentagem desde para 81%. Quanto à asma, 88% considera esta doença um problema sério, mas em Portugal apenas 79% a vêem assim. Portugal fica um pouco abaixo da opinião dos europeus em relação à gravidade das doenças cardiovasculares (79% para 83%).

A acidificação (conhecida como chuva ácida, que afecta as florestas, por exemplo) e eutrofização (aumento de matéria orgânica num ecossistema) são vistas como problemas graves por 83% dos europeus. Em Portugal, só 72% dos cidadãos são da opinião que estas são consequências graves da poluição.

A culpa da indústria

Quando aos responsáveis pela má qualidade do ar, a maioria da população aponta o dedo às grandes instalações industriais (73% na UE, 70% em Portugal) como os maiores culpados. Logo a seguir vêm os produtores de energias fósseis (66% na UE, 60% em Portugal). As autoridades públicas são responsabilizadas por 60% dos cidadãos por não garantirem a boa qualidade do ar. Os empregadores são igualmente mencionados – por não possibilitarem deslocações menos poluentes, como ir de bicicleta para o emprego, ou a pé – por 54% dos europeus e 57% dos portugueses.

Não há muito reconhecimento da responsabilidade individual: só 38% dos europeus e 45% dos portugueses considera que os agregados familiares não fazem o suficiente pela qualidade do ar.

O que fazem então os europeus, no seu dia-a-dia, para tentar reduzir as emissões de poluentes atmosféricos? O uso de transportes públicos ou bicicleta são as acções mais citadas (41% ao nível da UE, e 27% em Portugal). Quarenta por cento dos europeus dizem ter substituído electrodomésticos antigos com maior consumo energético por equipamentos mais novos, com uma melhor classe de eficiência energética, mas só 26% dos portugueses o fizeram. Isolar termicamente a casa foi algo que fizeram 22% dos europeus, mas apenas 8% dos portugueses.

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