PSD quer Costa no Parlamento para discutir as interconexões energéticas ibéricas

Paulo Rangel voltou a criticar a solução do Governo português e requereu um debate parlamentar de urgência para quinta-feira sobre o acordo de Portugal com Espanha e França.

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Paulo Rangel diz que primeiro-ministro "cedeu em toda a linha ao lobby da energia nuclear francesa" Nuno Ferreira Santos

Um dia de depois de ter arrasado o acordo alcançado quinta-feira entre Portugal, Espanha e França, Paulo Rangel voltou à carga, anunciando que o grupo parlamentar do PSD requereu um debate de urgência sobre o tema “Acordo de interconexões Ibéricas de energia” para quinta-feira, em reunião plenária extraordinária, para o qual requer a presença do primeiro-ministro, António Costa.

O eurodeputado do PSD tinha prometido luta e não perdeu tempo a reagir, insistindo nas críticas ao acordo anunciado quinta-feira pelo primeiro-ministro, que prevê a criação de um “corredor de energia verde” que irá unir a Península Ibérica a França e, a partir daqui, aos restantes países da União Europeia.

O vice-presidente do PSD discorda e advoga que esta solução, defendida pelo Governo português, compromete “compromissos internacionais, que existiam firmes e calendarizados desde 2014, para a construção de duas interligações eléctricas nos Pirenéus.”

Numa declaração feita a partir da sede da distrital do PSD-Porto, Rangel advertiu que a “questão interconexões energéticas – de gás, mas especialmente de electricidade – é uma questão estratégica para Portugal. Estamos a falar de decisões que afectarão a nossa economia e o nosso bem-estar nas próximas décadas. Seja no plano da ‘autonomia’ ou ‘soberania energética’ (portuguesa e europeia); seja no campo do ambiente e combate às alterações climáticas; seja, finalmente, no domínio da captação e fixação de investimento estrangeiro e até nacional.”

Antes de se deter nas críticas aos ministros Mariana Vieira da Silva e Duarte Cordeiro que se pronunciaram sobre as críticas que Rangel fizera na véspera, o eurodeputado sustentou que uma matéria desta “importância estratégica não pode ser negligenciada nem subvalorizada, nem tratada sem rigor técnico, com leviandade e ligeireza, maltratando os melhores especialistas. Esta matéria não nem pode ser o pasto para a propaganda fácil e descarada, para o espectáculo ou para remoques e acintes partidários.”

“Ontem ouvimos a senhora ministra da Presidência e o senhor ministro do Ambiente e Acção Climática, num tom alterado, crispado, até acossado, tentarem ensaiar respostas para as perguntas feitas pelo PSD e para as perplexidades que expusemos e que tantos sectores da economia e da sociedade portuguesa partilham”, declarou o dirigente do PSD.

“Da senhora ministra não houve sequer um esboço de resposta (…) Já do senhor ministro do Ambiente (…) importa destacar a inconsistência técnica de muitas das soluções vagas que propugnou. As explicações relativas à desejável inclusão do hidrogénio e dos ditos gases renováveis foram desmentidas, antes e depois, pelos mais reputados especialistas e actores empresariais que chegaram a usar a este propósito a expressão ‘disparate’”, disse Paulo Rangel, acrescentando que Duarte Cordeiro “foi absolutamente incapaz de dar uma perspectiva temporal para a execução do projecto (…), mas, pior e mais grave, o ministro não foi capaz de dizer quando foram suprimidas e abandonadas as duas interligações eléctricas nos Pirenéus.”

Falando de uma “cedência em toda a linha do primeiro-ministro ao lobby da energia nuclear francesa”, o vice-presidente do PSD perguntou: “A troco de quê Portugal cedeu num interesse tão vital como as interligações eléctricas? E, em termos de prazos, o horizonte é mesmo 2030?”

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