Museu do Louvre empresta Leonardo a Abu Dhabi e auto-retrato de Poussin a Lisboa
Obra do mestre do Renascimento italiano no Louvre Abu Dhabi e nome cimeiro da pintura clássica francesa no MNAA.
O Museu do Louvre, em Paris, anunciou um “excepcional empréstimo” ao seu museu-satélite situado nos Emirados Árabes Unidos. Trata-se da pintura São João Baptista, de Leonardo da Vinci (1452-1519), “uma famosa obra-prima do ícone da Renascença”, lê-se no comunicado divulgado esta terça-feira.
O empréstimo, que visa comemorar o quinto aniversário do Louvre Abu Dhabi, será feito por um período de dois anos e a pintura sobre madeira passará a ser exibida nas galerias permanentes deste museu do Médio Oriente a partir de 15 de Novembro.
Não é a primeira vez que uma obra-prima de Leonardo é emprestada ao museu dos Emirados Árabes Unidos: o Retrato de Mulher (La Belle Ferronière) viajou para o Louvre Abu Dhabi na exposição inaugural do museu em 2017.
Já a Lisboa chegará, esta semana, ao Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) um auto-retrato de Nicolas Poussin (1594-1665), considerado o artista que representa “o modelo absoluto da tradição clássica” e um dos nomes cimeiros da pintura francesa, informou o MNAA.
Este óleo datado de 1650 e executado em Roma, onde o pintor viveu um período importante da sua vida, é uma reflexão sobre o poder da pintura. A tela, que inspirou artistas tão diferentes como Reynolds, Ingres e Seurat, ficará exposta a partir de 25 de Outubro. A pintura regressará a casa depois da exposição dedicada a esta obra convidada encerrar a 15 de Janeiro.
Mistério e graça
Nicolas Milovanovic, conservador-chefe do Louvre e especialista em pintura francesa do século XVII, estará no MNAA dia 3 de Novembro (às 18h) para proferir uma conferência sobre Poussin. O empréstimo do auto-retrato de Poussin insere-se no âmbito da Temporada Cruzada Portugal-França, uma iniciativa de diplomacia cultural que, entre outros eventos realizados nos dois países, levou até ao Louvre, entre 10 Junho e 10 de Outubro, a exposição A Idade de Ouro da Renascença Portuguesa, numa selecção de 15 obras-primas do museu de Lisboa.
São João Baptista é considerada uma das pinturas mais famosas do Louvre, um dos “picos do génio do mestre toscano”, continua o comunicado. O Louvre destaca “o mistério e a graça que emanam da figura de São João”, bem como “a mestria da técnica do claro-escuro”, numa obra que nunca seria acabada. Era uma das três pinturas que o mestre do Renascimento italiano tinha no seu quarto quando morreu em 1519, o que se explica pelo seu carácter experimental no contexto mais alargado da obra do mestre, tal como a Gioconda.
Com mais de um século de distância a separá-los, os dois retratos têm algo em comum, além da paleta restrita. Poussin e o jovem representado por Leonardo, provavelmente um jovem discípulo, olham intensamente o espectador.
Ambas, com dimensões diferentes, servem o propósito do Louvre de se afirmar como uma marca global e como o museu de arte como mais visitantes do mundo, quer em Abu Dhabi, quer em Lisboa. Seja através de um acordo que durará 30 anos, seja através de uma diplomacia cultural europeia e bilateral. Como explica o museu no seu site, a acção do Louvre no mundo envolveu 70 exposições em cerca de 20 países nos últimos oito anos.