Ministro da Educação solidário com professora agredida: “Todos os actos de violência são injustificáveis e inaceitáveis”

Sindicatos pedem acção do Governo através de “uma afirmação clara contra a violência exercida sobre os professores e o anúncio de medidas concretas destinadas a preveni-la”. Professora já teve alta hospitalar, depois de agredida à entrada do Centro Escolar de Vila Verde e de ter sido transportada para o Hospital Distrital da Figueira da Foz.

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"A agressão a um Professor constitui um ataque aos que mais contribuem para o desenvolvimento humano", lamenta ministro da Educação Nuno Ferreira Santos

O ministro da Educação, João Costa, manifestou esta quinta-feira “apoio” e “solidariedade” para com a professora que foi agredida na Figueira da Foz. Numa nota enviada às redacções, o ministro refere que “todos os actos de violência são injustificáveis e inaceitáveis”. Uma professora do Centro Escolar de Vila Verde foi vítima de uma agressão, por um grupo de pessoas, maioritariamente mulheres, na terça-feira, e teve de receber tratamento hospitalar.

“A agressão a um Professor constitui um ataque aos que mais contribuem para o desenvolvimento humano. Todos os cidadãos, todas as famílias e comunidades, devem dar o exemplo de respeito pelos professores, reconhecendo-lhes o seu papel inestimável e a sua autoridade”, escreve ainda João Costa no comunicado de imprensa.

Já na quarta-feira, o município da Figueira da Foz tinha repudiado a agressão de que a professora foi vítima. “É lamentável a agressão”, disse o presidente da Câmara, Pedro Santana Lopes, salientando que a autarquia está atenta à situação e em contacto com as forças de segurança, já que “os pais dos alunos estão preocupados”.

A professora foi agredida à entrada do Centro Escolar de Vila Verde, que integra o Agrupamento de Escolas Figueira Mar. De acordo com as informações prestadas pela vereadora Olga Brás, responsável pelo pelouro da Educação, a docente teve alta hospitalar ainda durante o dia de quarta-feira.

A autarca disse ainda que a Câmara está em articulação com a Direcção-Geral do Estabelecimentos Escolares e a PSP para a adopção das medidas convenientes em situações desta natureza.

De acordo com vários órgãos de comunicação social, nomeadamente de Coimbra, a professora, de 40 anos, foi agredida com murros e pontapés à entrada do estabelecimento de ensino na tarde de terça-feira, tendo ainda sido arrastada pelos cabelos. A agressão estará relacionada com uma altercação entre alunos ocorrida na segunda-feira, que terá sido travada pela docente. A vítima foi transportada para Hospital Distrital da Figueira da Foz.

Sindicatos exigem medidas ao Governo

Também o Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) e a Federação Nacional Dos Professores (Fenprof) condenaram a agressão, numa nota enviada às redacções na tarde desta quinta-feira. No comunicado, além de se mostrarem solidárias e disponíveis para se associarem “às iniciativas que vierem a ser desenvolvidas de apoio à professora”, as organizações sindicais disponibilizam também “os seus serviços jurídicos para apoiar o recurso à justiça, caso o ME não o faça ou a docente prefira”.

“O SPRC/Fenprof condena veementemente mais este acto de violência extrema, manifestando o seu forte repúdio”, pode ler-se no comunicado. “Nos últimos anos foram conhecidos actos de violência sobre docentes, perpetrados tanto por alunos, como por familiares seus, os quais mereceram sempre a firme condenação do SPRC e da Fenprof.”

E apontam ainda o dedo à tutela, cuja reacção e tomada de medidas, referem, “tem sido frouxa, tendo em conta a gravidade dos acontecimentos”. “No passado, o que se tem ouvido do Ministério da Educação é um repúdio genérico por todas as formas de violência na escola, repúdio que todos acompanhamos. Contudo, os professores esperam ouvir mais do que isso por parte do Ministério da Educação, desde logo do ministro. Exigem-se uma afirmação clara contra a violência exercida sobre os professores e o anúncio de medidas concretas destinadas a preveni-la e, como é o caso, a apoiar as suas vítimas.”

“Esta necessidade não deve esgotar-se no contacto com o/a docente agredido/a, mas terá de incluir os adequados apoios, designadamente no plano psicológico, material e jurídico. Recorda-se que, no passado, os então responsáveis do Ministério da Educação garantiam o cuidado de contactar com todos/as os/as agredidos/as, o que se verificou não ter acontecido em todos os casos”, acrescentam ainda.

Tendo em conta as agressões sofridas pela professora e as “ameaças de morte por parte das agressoras”, as organizações sindicais sustentam que estas são situações que se enquadram “num contexto mais alargado de indisciplina e violência”. E pedem, então, ao Governo medidas de combate a este problema, capazes de tornarem a escola num “espaço de sã convivência entre todos os que integram a comunidade educativa”.

“Este tipo de episódios não é alheio à continuada desvalorização da profissão docente e ao profundo desrespeito pelos professores que as próprias entidades públicas têm vindo a permitir ou a promover, com graves consequências no plano social, nomeadamente na imagem dos profissionais.” com Lusa

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