Uma noite de ideias para rebentar a bolha de Bruxelas

Duas centenas de jovens portugueses tiveram oportunidade de questionar directamente eurodeputados socialistas, apresentando nove propostas para o futuro da União Europeia.

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Um dos grupos de trabalho com o eurodeputado João Albuquerque Octavian Carare

Os jovens representam praticamente um em cada três cidadãos europeus, mas os eurodeputados sub-30 são apenas 6% num Parlamento de 705 eleitos. Face à fraca representação, torna-se mais importante ouvir as ideias de quem está cronicamente sub-representado na política. O conceito “9 for Youth”, promovido pelo grupo dos socialistas portugueses, trouxe nesta terça-feira, 11 de Outubro, a Bruxelas duas centenas de jovens portugueses de todo o país – a maioria com ligação à Juventude Socialista, mas também alguns independentes – com o objectivo de escolherem nove propostas prioritárias para o futuro da União Europeia (UE).

Divididos em grupos de trabalho e em contacto directo com os eurodeputados socialistas, os sub-30 tiveram espaço para apresentar as suas preocupações e desenvolver propostas para melhorar o funcionamento das instituições europeias.

Algumas das ideias iniciais esbarram na falta de competências comunitárias para resolver assuntos que são exclusivamente responsabilidade dos Governos nacionais e regionais – nomeadamente na área da saúde –, outras ideias já estavam também em execução através de programas europeus, apesar do desconhecimento de alguns dos jovens ali presentes.

Do lote inicial com centenas de sugestões ficaram nove propostas em áreas transversais como a habitação, cultura ou trabalho. Proibir os estágios não remunerados, criar um cheque-cultura para utilizar em todos os Estados-membros, subsidiar a compra ou arrendamento de habitação própria para os jovens, reforçar o investimento em renováveis para garantir a independência energética da Europa, ajudar à reconversão profissional de quem perde o emprego como consequência da transição energética ou assegurar a gratuitidade dos transportes públicos estão entre as propostas apresentadas.

Depois de ouvir as ideias, a eurodeputada Maria Manuel Leitão Marques disse ao P3 que “algumas das propostas são fáceis [de executar] porque já estão incluídas nas várias agendas europeias, como a defesa das questões ambientais”, noutras, como nos temas da habitação e cultura, “é preciso ser mais criativo” nas negociações, como forma de atender às várias sensibilidades dos grupos parlamentares.

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A eurodeputada Maria Manuel Leitão Marques assegurou que ia defender as propostas dos jovens na sua actividade parlamentar Octavian Carare

Leitão Marques ficou particularmente entusiasmada com a ideia do cheque cultural como forma de potenciar a necessidade de “criar uma cultura europeia”, porque “projectos populistas são muito identitários e baseados em barreiras culturais que ainda existem dentro da União Europeia”. Essas barreiras “têm de ser quebradas”, defende a eurodeputada. “Se conseguirmos com a cultura fazer o mesmo que fizemos com o Erasmus no Ensino Superior acho que teríamos feito uma boa contribuição para o futuro da Europa”, conclui.

E para que o destino das propostas apresentadas não seja cair em saco roto, a eurodeputada garantiu que estas ambições dos jovens estavam não só a ser ouvidas como também iam ser defendidas no seio da sua actividade parlamentar.

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