Wole Soyinka: paródia, alegoria ou uma grande loucura?

Desde 1973 que Wole Soyinka não escrevia um romance. Depois do activismo, voltou a pegar na caneta para dar forma a um livro que é uma representação sórdida, irónica, alegórica de um país nas suas contradições.

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Aos 88 anos, Wole Soyinka regressa com um romance que congrega as questões com que se debate África no pós-colonialismo Akintunde Akinleye/Reuters

Não deixa de ser notável dizer que este é o primeiro romance de Wole Soyinka em quase 50 anos, e o terceiro da sua carreira de escritor depois da estreia em 1965 com Os Intérpretes. O anterior era de 1973, Season of Anomy. Mas mais notável é o romance que resultou desse longo interregno. Como se nele o primeiro escritor africano a vencer o Nobel da Literatura usasse de todos os seus recursos e todos os temas que têm alimentado a sua actividade enquanto poeta, dramaturgo, ensaísta, ficcionista, activista político para montar uma crónica monumental da África pós-colonialista, da África actual, a partir de um país fictício que é claramente a Nigéria, numa trama cheia de mistério, crítica social e o domínio da linguagem que fez dele um dos maiores estilistas literários africanos.

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