Urnas com vestígios de restos mortais descobertos num canavial junto a cemitério de Évora

Câmara de Évora assume que desconhecia a exumação de urnas com vestígios de restos mortais e compromete-se a abrir um inquérito para identificar o que terá falhado.

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Estão a ser exumados corpos sem conhecimento dos familiares Paulo Pimenta

Num canavial nas proximidades do cemitério municipal do Espinheiro, em Évora, foram sendo depositadas a céu aberto, ao longo de um período temporal que não foi possível apurar, várias urnas que terão sido exumadas sem conhecimento prévio dos familiares.

A denúncia é do Correio da Manhã, que fez uma investigação sobre “o negócio da morte” que envolverá agências funerárias, pessoas que trabalham nos cemitérios e funcionários de unidades hospitalares, e apresenta algumas semelhanças com a privatização da morgue do hospital de Beja, denunciada em Setembro/Outubro de 1994. Na altura, o PÚBLICO denunciou a disputa de cerca de 600 cadáveres que saíam anualmente do Hospital de Beja.

No caso agora retratado numa reportagem do Correio da Manhã TV, é dito que “foram descobertas urnas com vestígios de restos mortais” colocadas a céu aberto num terreno “perto de um cemitério em Évora”. Esta descoberta “pode indiciar” que estão a ser retirados cadáveres das sepulturas “sem o conhecimento das famílias”.

No regulamento municipal consultado pelo PÚBLICO sobre as tramitações a seguir quando se pretende fazer a exumação do cadáver, a Câmara de Évora deve informar os familiares por carta ou telefone e publicar a intenção em editais municipais. Ao que tudo indica, este procedimento não ocorreu com vários familiares de pessoas cujos restos mortais se encontravam no cemitério do Espinheiro. Foram confrontados com a presença de outra pessoa falecida no lugar do familiar sem previamente terem sido informados do levantamento das ossadas.

O gabinete de imprensa da Câmara de Évora, disse ao PÚBLICO “estranhar” esta ocorrência, assumindo ter noção da sua gravidade. A autarquia vai agora averiguar se os procedimentos estão a ser cumpridos.

“Estamos a levar muito a sério o que aconteceu e vamos abrir um inquérito” para averiguar a dimensão das denúncias.

O Hospital de Évora já informou que também vai ser aberto um inquérito aos funcionários que eventualmente terão participado no “negócio” e o Ministério Público já está a investigar o que terá acontecido.

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