Tailândia de luto pelas vítimas de tiroteio em creche. “Eram crianças que ainda estavam a dormir”

Vinte e duas crianças foram mortas nesta quinta-feira num ataque a uma creche, que também deixou mais de uma dezena de pessoas feridas. Entre as vítimas mortais, contam-se crianças entre os dois e os cinco anos e uma professora grávida de oito meses. Filho do atirador também frequentava a creche.

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Vinte e duas crianças morreram numa creche na vila tailandesa de Uthai Sawan Reuters/ATHIT PERAWONGMETHA
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Entre as vítimas mortais, contam-se crianças entre os dois e os cinco anos e uma professora grávida de oito meses Reuters/ATHIT PERAWONGMETHA
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Cerca de 30 crianças estavam na creche — um edifício cor-de-rosa de um andar cercado por relva e pequenas palmeiras — quando o agressor chegou EPA/NARONG SANGNAK
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O filho do atirador também frequentava a creche EPA/NARONG SANGNAK
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Vários lençóis brancos foram pregados para ocultar a entrada do centro infantil. Reuters/POPPY MCPHERSON
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Vinte e duas crianças morreram numa creche na vila tailandesa de Uthai Sawan Reuters/ATHIT PERAWONGMETHA
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Os caixões das vinte e duas crianças que morreram foram transportados de camião Reuters/ATHIT PERAWONGMETHA
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As equipas de resgate já tinham levado os corpos das vítimas para a esquadra da polícia local quando a equipa médica se reuniu com as inconsoláveis famílias das vítimas Reuters/ATHIT PERAWONGMETHA

Os caixões que carregam os corpos das 22 crianças são cor-de-rosa e brancos e estão adornados com ouro. Foram carregados para um camião na noite desta quinta-feira e conduzidos em silêncio, na escuridão.

O vice-primeiro-ministro da Tailândia, Anutin Charnvirakul, juntou as mãos e fez uma vénia quando o camião, seguido por ambulâncias que transportavam os corpos das outras vítimas, partiu da vila tailandesa de Uthai Sawan, na província de Nongbua Lamphu, no Nordeste da Tailândia. “Todos os tailandeses e todas as pessoas do mundo que sabem deste ataque vão sentir-se deprimidas e tristes”, disse Anutin.

As 22 crianças foram mortas nesta quinta-feira num ataque a uma creche, que também deixou mais de uma dezena de pessoas feridas. Entre as vítimas mortais, contam-se crianças entre os dois e os cinco anos e uma professora grávida de oito meses.

Imagens do interior da creche onde o ataque aconteceu STRINGER Reuters
Imagens do interior da creche onde o ataque aconteceu STRINGER Reuters ,STRINGER Reuters
Imagens do interior da creche onde o ataque aconteceu STRINGER Reuters
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Imagens do interior da creche onde o ataque aconteceu STRINGER Reuters

O responsável pelo ataque é um antigo polícia, identificado como Panya Kamrab, que foi despedido no ano passado devido a problemas relacionados com consumo de drogas, e cujo filho frequentava a creche em causa.

O ataque ocorreu durante a tarde (manhã desta quinta-feira em Portugal continental), numa altura em que as crianças estavam a dormir, e horas depois de o suspeito ter sido ouvido em tribunal no âmbito de um processo relacionado com uso de substâncias ilícitas.

Segundo as autoridades locais, citadas pela Reuters, o atacante, de 34 anos, entrou na creche à procura do filho e já se apresentava visivelmente transtornado. Assim que percebeu que o filho não se encontrava no estabelecimento, atacou e matou professores, auxiliares e crianças, com uma faca e pelo menos uma arma de fogo. Quando saiu da creche, deslocou-se até casa de carro e matou a esposa e o filho e depois suicidou-se.

As equipas de resgate já tinham levado os corpos das vítimas para a esquadra da polícia local quando a equipa médica se reuniu com as inconsoláveis famílias das vítimas. “Ninguém quer ver uma coisa destas. É angustiante”, disse Piyalak Kingkaew, que liderou a primeira equipa de resgate a chegar à creche.

Dezenas de pais e familiares estiveram junto à creche a prestar homenagem às vítimas do ataque NARONG SANGNAK LUSA
Dezenas de pais e familiares estiveram junto à creche a prestar homenagem às vítimas do ataque NARONG SANGNAK LUSA
Crianças que morreram tinham entre 2 e 5 anos NARONG SANGNAK LUSA
Crianças que morreram tinham entre 2 e 5 anos NARONG SANGNAK LUSA ,NARONG SANGNAK LUSA
Crianças que morreram tinham entre 2 e 5 anos NARONG SANGNAK LUSA
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Dezenas de pais e familiares estiveram junto à creche a prestar homenagem às vítimas do ataque NARONG SANGNAK LUSA

As imagens que foram divulgadas do local do massacre mostram os pequenos corpos estendidos em cobertores e pacotes de sumo abandonados e espalhados pelo chão. O corpo de um menino vestido com uma camisa do Manchester United estava estendido numa colcha do Winnie de Pooh, num quarto onde as paredes estavam decoradas com outros personagens de desenhos animados.

“Estamos habitados a ver um grande número de corpos, já passamos por isto antes, mas este incidente é o mais angustiante de todos. Eram crianças que ainda estavam a dormir”, acrescentou Piyalak.

Ao The Guardian, Nuankanjana Sola diz que o neto de quatro anos foi uma das crianças mortas no ataque. Quando soube o que se tinha passado, foi a correr para a creche. “Quando vi o nome do meu neto na lista de vítimas desmaiei. Ele era uma criança adorável. Era falador e brincalhão. Estava sempre a pedir-me para lhe comprar brinquedos. Estou furiosa que o atirador tenha feito isto com crianças que não tinham como se proteger”, diz.

Vários lençóis brancos foram pregados para ocultar a entrada do centro infantil. Nos degraus, dezenas de pais e familiares foram deixando flores brancas, em homenagem às vítimas. Buarai Tanontong perdeu dois netos de três anos. “Não consegui dormir. Nunca pensei perder os meus dois netos”, disse, enquanto abraçava a filha.

"Não sei porque é que ele fez isto"

Nos edifícios do Governo tailandês, as bandeiras foram colocadas a meia haste nesta sexta-feira para lamentar a morte das 30 pessoas. Ao canal de televisão Nation TV, a mãe do atirador afirmou que o filho tinha acumulado algumas dívidas relacionadas com o uso de drogas. “Não sei porque é que ele fez isto, mas estava sob muita pressão”.

Dezenas de flores brancas foram depositadas nos portões da creche NARONG SANGNAK LUSA
Tiroteio aconteceu na hora da sesta de muitas crianças NARONG SANGNAK LUSA
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Dezenas de flores brancas foram depositadas nos portões da creche NARONG SANGNAK LUSA

Uma das funcionárias da creche afirma que o atirador não disse nada quando entrou na sala. “Simplesmente disparou contra a porta do quarto onde as crianças estavam a dormir”, disse, visivelmente emocionada. “Ele estava a vir na minha direcção e eu implorei por misericórdia, não sabia o que fazer”, referiu outra funcionária que lutava contra as lágrimas.

Cerca de 30 crianças estavam na creche — um edifício cor-de-rosa de um andar cercado por relva e pequenas palmeiras — quando o agressor chegou. O número de crianças presentes foi menor do que o habitual, já que as chuvas forte fizeram com que muitas ficassem em casa com os pais.

O massacre de Uthai Sawan está entre os mais mortais a envolver crianças, principalmente fora dos EUA. Em 2011, Anders Breivik matou 69 pessoas, a maioria adolescentes, num acampamento de Verão na Noruega.

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Cerca de 30 crianças estavam na creche — um edifício cor-de-rosa de um andar cercado por relva e pequenas palmeiras — quando o agressor chegou NARONG SANGNAK LUSA

O ataque numa escola primária mais mortífero nos EUA foi o de Sandy Hook. Em Dezembro de 2012, um atirador de 20 anos, chamado Adam Lanza, abriu fogo na escola de Newtown (Connecticut), disparando contra os alunos e funcionários da escola primária, antes de se suicidar. Morreram 20 crianças e seis adultos.

Em 1996, um atirador invadiu uma escola primária na pequena cidade escocesa de Dunblane e matou a tiro 16 crianças e o professor antes de apontar uma arma contra si mesmo. E este ano, pelo menos 19 crianças e duas professoras morreram num tiroteio numa escola primária de Uvalde, no Sul do Texas, nos Estados Unidos, o pior tiroteio em escolas norte-americanas dos últimos dez anos, desde o massacre em Sandy Hook.

As leis de uso e porte de armas na Tailândia são rígidas, mas, em comparação com outros países do Sudeste Asiático, o número de tailandeses que possuem armas de fogo é elevado. É comum terem na sua posse armas ilegais, muitas trazidas de países vizinhos devastados por conflitos.

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