Cartas ao director

Aeroporto ou via-férrea?

Desde que me lembro, e já tenho mais de 80, sempre ouvi falar do novo aeroporto de Lisboa. Localizações escolhidas e decididas pelos mais competentes e habilitados estudiosos e organismos já lá vão nem sei quantas.

À mente humana é normalmente difícil pensar e prever a mais de um ou dois anos de distância. Mostra a história que a grande maioria, senão todos, dos planos quinquenais falha(ra)m redondamente, e não me refiro aos da antiga União Soviética que falhavam logo ao fim de meia dúzia de horas. No nosso caso, o do novo aeroporto de Lisboa, não se pensa a 10 ou 20 anos e mal seria que ele não durasse mais do que isso — o actual bem tem durado!

Se se imaginar e não é difícil de prever que face à necessidade de combater as emissões de CO2 as ligações de curta e média distância privilegiarão o comboio rápido (TGV ou semelhante) e que, por tal, Lisboa e Madrid (e, eventualmente, o resto do continente) serão ‘ligadas’ por este meio, que ele passará a poucos quilómetros de uma cidade que já tem um bom aeroporto Beja e que uma ligação deste a Lisboa pela via-férrea em grande velocidade levará menos de uma hora, porque é que esta opção nem sequer é estudada?

Talvez o que se poupa em aeroporto penso que Beja ficaria sempre muito mais barato que outro qualquer de raiz cubra todo ou parte do custo da via-férrea de alta velocidade Lisboa – Caia. Assim Espanha alinhe nesta opção a curto espaço de tempo. E mais não digo porque não sou ‘especialista’.

Jorge Mónica, Parede

Ximenes Belo

As primeiras denúncias contra o antigo administrador apostólico de Dili chegaram ao Vaticano há quatro anos, mas as notícias publicadas esta semana na imprensa neerlandesa revelam que as suspeitas contra este bispo remontam aos anos 1990. Em causa estão denúncias que o Nobel da Paz de 1996 tenha abusado sexualmente de dois menores. Ao que se apurou, apesar de ter sido alvo de sanções, Ximenes Belo nunca foi investigado. Eu poderia tecer mais considerações, mas não o faço, porque isto é uma vergonha.

Tomaz Albuquerque, Lisboa

A influência do PCP

Acabo de ler um artigo de Pacheco Pereira onde escreve que “o PCP perdeu toda a influência intelectual”. Fico muito preocupado... Porque, de facto, o autor deve ter-se esquecido da Fundação Saramago e de vária confraria que, na esfera da Cultura, se sustenta por associados que padecem de complexo de Esquerda dessa raiz comunista.

António do Carmo Reis, Fajozes

Insensibilidade socialista

Morreu a professora Josefa Marques, de 51 anos, doente oncológica a quem não foi permitida a aproximação ao concelho de residência no quadro do destacamento de mobilidade. Albicastrense, residente em Almeida, tinha sido colocada em Oleiros, a 207 quilómetros de casa. É certo que João Costa, o insensível ministro da Educação, vai ordenar um inquérito. Para que o quadro da injustiça fique completo, é bem capaz de dizer que não sabia de nada. António Costa vai sacudir a água do capote e Marcelo Rebelo de Sousa vai lamentar profundamente. A Josefa morreu aos 51 anos, com metade da vida dedicada à nobre arte de ensinar.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Carmo Afonso

Perante tanta “comichão” causada a alguns leitores do PÚBLICO pelos artigos de Carmo Afonso, tenho uma opinião bem oposta a essas leituras. Considero que Carmo Afonso ajuda muito os leitores a perceber os meandros da política e nesse aspeto só engrandece o jornal. Tenho reparado que alguns leitores confundem partidos que defendem os direitos liberdades e garantias consagrados na Constituição da República com partidos que genericamente acham que todos os ciganos são criminosos ou que todos os imigrantes só querem aceder aos benefícios sociais para viverem à custa do trabalho dos trabalhadores portugueses.

Ora, segundo dados da Segurança Social, os imigrantes são dos seus grandes contribuintes, beneficiando muito pouco do que descontam. Nada disto conta para muitas cabeças da extrema-direita. O mais grave é que os portugueses são dos que mais emigram, sendo também por isso muitas vezes mal tratados nos países onde trabalham, tal como os imigrantes são tratados em Portugal. Em conclusão, pôr no mesmo prato da balança os defensores dos direitos mais básicos das pessoas com os que consideram que há pessoas de primeira e de segunda é inaceitável e já não tem lugar no Portugal de Abril, ou não será?

Mário Pires Miguel, Reboleira

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