Woody Allen diz que “em princípio” o seu próximo filme será o último

O cineasta de 86 anos diz que o filme que está para ser rodado em Paris, este ano, marcará a sua entrada na reforma, saindo de cena depois de realizar exactamente 50 filmes — e para se dedicar à escrita.

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Woody Allen tem 86 anos Javier Etxezarreta/EPA

O realizador norte-americano Woody Allen anunciou que, “em princípio”, vai abandonar o mundo do cinema depois de fazer um último filme, cuja rodagem decorrerá no final deste ano em Paris. Volvidos assim precisamente 50 filmes na sua carreira, o cineasta de 86 anos diz que está na hora de publicar o seu primeiro romance.

“A minha ideia, em princípio, é deixar de fazer filmes e concentrar-me na escrita”, disse, em entrevista ao diário espanhol La Vanguardia. Já em Junho deste ano havia mencionado, numa entrevista na página de Instagram do actor Alec Baldwin, que só faria “mais um ou dois filmes”, uma vez que perdeu “a emoção” e que fazer filmes “já não é divertido”.

A carreira e a imagem pública de Allen são há anos trespassados pela tensão devido às acusações (que remontam aos anos 1990 mas que ganharam nova visibilidade na esteira do movimento #MeToo) de abuso sexual por parte da sua filha adoptiva, Dylan Farrow. Os efeitos dessas acusações têm-se feito notar na redução do apoio da indústria cinematográfica, sendo a consequência mais evidente a saída da Amazon Studios do contrato que tinha com o cineasta para quatro novos filmes, no valor de 68 milhões de dólares, o que afectou a produção e a distribuição das suas obras mais recentes.

Na conversa com Baldwin, um dos seus amigos e apoiantes, disse que iria continuar a escrever, mas num formato que já experimentou — os contos. A sua obra mais recente é Zero Gravity, precisamente uma colecção de contos humorísticos. “Um romance pode ser dez vezes mais longo [do que um conto], mas 100 vezes mais difícil”, explicou a Baldwin, justificando assim a sua reticência em avançar para um projecto mais longo.

Ao La Vanguardia, porém, afirmou que agora já está “a pensar mais num romance”, talvez do género do que fez em alguns dos seus filmes — “os chamados sérios”, refere.

Até lá ainda estreará mais um filme, elevando o total de títulos realizados para a meia centena — Annie Hall (1977), com o qual recebeu um Óscar de Melhor Realizador que não foi aceitar pessoalmente, Manhattan (1979) ou o mais recente Meia-Noite em Paris (2011).

Ainda sem título, sabe-se que o novo filme terá semelhanças com Match Point (2005). Será “emocionante, dramático e também sinistro”, descreve Woody Allen, que passará o final do ano em Paris por causa das rodagens.

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