Planalto Mirandês espera quebras de 20 por cento na produção de uvas

Os produtores de vinho do Planalto Mirandês, Trás-os-Montes, esperam uma quebra na produção a rondar os 20 por cento, menor do que o inicialmente previsto devido à seca.

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No Planalto Mirandês, a enóloga Rute Gonçalves (Terras de Mogadouro) diz que, "em termos qualitativos, as uvas estão sãs". Terras de Mogadouro

Os produtores de vinho da sub-região do Planalto Mirandês, integrada na Região Vitivinícola de Trás-os-Montes, esperam uma quebra na produção a rondar os 20 por cento, face ao ano anterior, menor do que a inicialmente perspectivada devido à seca.

“Inicialmente, em Maio, perspectivámos uma quebra muito acentuada na produção de uvas para a produção de vinho. Contudo, há cerca de duas semanas choveu e a situação melhorou um pouco e as quebras deverão rondar, actualmente, os 20% da produção”, explica o presidente da Adega Cooperativa de Sendim, concelho de Miranda do Douro, Óscar Afonso.

Segundo disse à agência Lusa o dirigente, inicialmente, as quebras esperadas seriam de 30 por cento da produção, mas a situação melhorou ligeiramente com as chuvas de Agosto.

“Apesar de as quebra esperadas na produção rondarem o 20 por cento, o que é significativo, se a adega este ano acolher 1.500 toneladas de uvas já ficamos muito contentes. No anterior recebemos 2.220 toneladas.”, concretiza o dirigente.

Óscar Afonso diz ainda que há vinhas junto às arribas do Douro Internacional que não vingaram por falta de água e que a produção ficou seriamente comprometida, havendo mesmo perdas totais.

“A percentagem nas quebras de produção ficam a dever-se às vinhas que não vingaram e que estão em terrenos mais baixos que não têm humidade. Junto ao Douro há quebras totais. As mais altas recuperam com a humidade que já se faz sentir noite”, diz o dirigente.

Já no concelho vizinho de Mogadouro, também no Planalto Mirandês, a enóloga Rute Gonçalves frisa que, “em termos qualitativos, as uvas estão sãs e não se apresentam desidratadas ou um qualquer tipo de doença”.

“Prevemos uma diminuição em termos de rendimento, no rácio quilo / litro. O bago não desenvolveu tanto devido à falta de água e que os torna mais pequenos do que o habitual. Contudo, penso que a qualidade do vinho se vai manter”, refere a enóloga da Terras de Mogadouro, empresa que espera recolher cerca de 200 toneladas. Uma parte é para vinificação própria de cerca de 50 mil garrafas por ano.

Com a vindima à porta, há ainda alguma “incerteza” no que respeita às quebras de produção nesta sub-região vitivinícola devidos aos seus microclimas específicos.

A Região Vitivinícola de Trás-os-Montes revela-se por entre montes e pronunciados vales numa grande área de extensão, que vai desde de Montalegre (Vila Real) ao Planalto Mirandês (Bragança), passando pelo coração da Terra Quente Transmontana.

Segundo os responsáveis pela região, tendo características muito próprias, Trás-os-Montes tem também vários microclimas, que, aliados às diferenças existentes na constituição dos solos, normalmente graníticos com manchas de xisto, bem como a uma maior adaptabilidade de determinadas castas, permitem obter vinhos muito diferenciados.

Diferenças essas que justificam a existência de três sub-regiões para a produção “de vinhos de qualidade” com direito a Denominação de Origem (DO) Trás-os-Montes: Chaves, Valpaços e Planalto Mirandês.

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