Air France suspende dois pilotos que lutaram no cockpit durante voo

Conflito entre piloto e co-piloto não terá afectado o voo entre Genebra e Paris, em Junho. Incidentes em voos da companhia aérea preocupam as autoridades francesas.

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Incidente obrigou a tripulação de cabine a intervir REUTERS/CHRISTIAN HARTMANN

Dois pilotos da Air France foram suspensos na sequência de uma escaramuça no cockpit durante um voo entre Genebra e Paris, em Junho. O conflito foi confirmado pela companhia aérea francesa, que tem sido alvo de escrutínio devido a incidentes que preocupam os reguladores.

Segundo a Air France, os confrontos entre os dois pilotos não terão afectado o voo, que prosseguiu normalmente e terminou com uma aterragem segura.

O episódio foi divulgado pelo jornal francês La Tribune, que relata uma disputa entre o piloto e o co-piloto pouco depois do início do voo que terá chegado ao confronto físico. A tripulação de cabine teve de intervir e um dos elementos passou o resto do voo no cockpit, de acordo com a Associated Press.

O incidente não é o único preocupante a passar-se em voos da Air France nos últimos meses. Na quarta-feira, o organismo estatal francês responsável pela aviação, o Bureau d’Enquêtes et Analyses (BEA), divulgou um relatório em que alerta para o facto de alguns pilotos da companhia aérea não respeitarem rigorosamente os procedimentos durante ocorrências de segurança.

A investigação era centrada numa fuga de combustível identificada durante um voo entre Brazzaville, na República do Congo, e Paris, em Dezembro de 2020. Os pilotos redireccionaram o avião, mas não cortaram a energia do motor nem aterraram o mais cedo possível, como mandam os procedimentos neste tipo de problemas.

Ainda que o voo tenha aterrado em segurança no Chade, o relatório avisa que o motor poderia ter pegado fogo.

O BEA menciona ainda três casos semelhantes entre 2017 e 2022, referindo que alguns pilotos agiram com base na sua própria análise das situações em vez de seguirem os protocolos de segurança.

Segundo o La Tribune, o BEA considerou que “investigações recorrentes” mostram “uma adaptação dos procedimentos, ou mesmo uma violação deliberada dos mesmos, levando a uma redução das margens de segurança”.

A Air France, que sublinhou o empenho da empresa em garantir a segurança das suas operações, disse que o número de incidentes tem permanecido estável, sublinhando que o relatório do organismo menciona apenas quatro situações, quando a companhia aérea realiza milhares de voos por dia.

Apesar disso, a empresa francesa está a realizar uma auditoria de segurança em resposta ao relatório e comprometeu-se a seguir as recomendações do BEA.

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