Guia para sobreviver ao calor da cidade em Agosto

Nem pensem em atirar-se aos cocktails alcoólicos nas esplanadas trendy da cidade. Em primeiro lugar, não têm dinheiro para isso, e em segundo lugar, toda a gente sabe que as bebidas alcoólicas são mentirosas. Parece que refrescam imenso, só que não. Estão a pôr-vos mais sequinhos por dentro do que um carvalho na iminência de pegar fogo. Bebam água, vão por mim.

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Lisboa Nuno Alexandre

É preciso criatividade para sobreviver ao calor em Lisboa durante o mês de Agosto. Nos últimos anos, e com as temperaturas cada vez mais altas, qualquer fonte resminga nos parece, tanto ao perto como ao longe, um resort em Ibiza.

Embora não seja permitido mergulhar, algumas fontes transformam-se num ecléctico lava-pés para conterrâneos e turistas. A belíssima fonte da Praça D. Pedro V, no Rossio, em frente ao Teatro Nacional, acolhe certamente muitos fungos de origem portuguesa e internacional. Sabendo que não é opção legal nem higiénica, e estando eu longe de vos incentivar a colocarem os vossos pedúnculos nas fontes lisboetas, ficam a saber que se trata de uma opção de arrefecimento para algumas pessoas.

Como sou vossa amiga e não quero que sejam presos e presas, incentivo a compra de um bom alguidar de tamanho médio. Coloquem-no no quintal, varanda ou, em última instância, no meio da sala e deliciem-se com a frescura da água da torneira, paga por vós, evidentemente. Para quem rejeita a possibilidade de comprar artigos de plástico, cidadãos e cidadãs vegan, podem sempre adquirir um recipiente em bambu, na pior das hipóteses uma saladeira também serve, desde que lá caibam os pés. Porque é que não recomendo que entrem no polibã, na banheira ou mesmo no bidé para se refrescarem? Simplesmente por causa do mau ambiente. Não é bonito termos como vista da nossa minipiscina a retrete onde despachamos diariamente os pacotes que já não podemos guardar.

Também podem procurar jardins com aspersores e ficar à coca de um belo duche gratuito com cheiro a relvado. Imaginem que estão numa praia fluvial ou assim. O pior é se saírem do centro da cidade e ficarem presos na Segunda Circular, por exemplo, quando o termómetro do carro marca 43º, além de ligarem o ar condicionado, podem começar a chorar, têm mais do que motivos. Chorem o mais que puderem. Sempre refrescam a cara. E bebam água, muita água. Nada como manter a hidratação em altas.

Nem pensem em atirar-se aos cocktails alcoólicos nas esplanadas trendy da cidade. Em primeiro lugar, não têm dinheiro para isso, e em segundo lugar, toda a gente sabe que as bebidas alcoólicas são mentirosas. Parece que refrescam imenso, só que não. Estão a pôr-vos mais sequinhos por dentro do que um carvalho na iminência de pegar fogo. Bebam água, vão por mim. E pela minha mãe, que nisto até tem razão.

Não sei se ajudei, ou se estão neste momento a suar das mãos porque os smartphones no Verão parecem o fogareiro da minha tia Luísa, sempre a virar sardinhas. Portanto, depois de lerem isto, desliguem o aparelho e vão fazer algo mais fresquinho. Quem avisa vossa amiga é.

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