Urgências hospitalares: um problema que tem barbas
O encaminhamento dos doentes não-urgentes para os centros de saúde é uma medida já experimentada que não estanca o recurso às urgências e não alivia o trabalho das equipas médicas por uma simples razão: o que é um doente “não-urgente” antes de ser cuidadosamente avaliado? E se um doente recusado, sem um exame médico rigoroso, cair fulminado à saída do banco?
O reavivar do debate acerca do excesso de afluência às urgências hospitalares fez-me recuar 35 anos e recordar acontecimentos já esquecidos. Desde então novos problemas surgiram – agravamento demográfico, saída de especialistas para o sector privado, destruição das carreiras médicas e das hierarquias, perda de autonomia das equipas, emergência do médico-à-hora e do médico tarefeiro. Apesar disso, parece evidente que algumas questões ligadas às urgências se têm perpetuado num interminável movimento circular. É a elas que pretendo regressar hoje, porque, como disse Santayana, “quem não se lembra do passado está condenado a repeti-lo”.
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