Homem suspeito de matar companheira grávida detido no aeroporto

Homem de origem cabo-verdiana preparava-se para sair do país quando foi detido pelas autoridades.

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O suspeito foi detido no aeroporto de Lisboa Miguel A. Lopes

Um homem suspeito de matar a companheira grávida de oito meses foi detido esta quinta-feira no aeroporto de Lisboa.

O crime deu-se no Barreiro. A vítima foi esfaqueada, provavelmente já na terça-feira. O cadáver será agora autopsiado para recolha de mais indícios do homicídio.

O homem de 31 anos, que tal como a companheira, de 38, é de origem cabo-verdiana, preparava-se para tentar sair do país quando foi detido pelas autoridades, noticiou o Correio da Manhã e confirmou o PÚBLICO. Segundo esta publicação, o homem anunciou o crime na sua conta do Facebook, tendo apagado a mensagem momentos depois. Porém, não tinha dinheiro suficiente consigo para comprar qualquer passagem aérea, desconhecendo-se para onde pretendia viajar.

“O suspeito foi interceptado pela PSP no aeroporto de Lisboa, na sequência de solicitação do Departamento de Investigação Criminal de Setúbal, após recolha de informação sobre eventual fuga para o estrangeiro”, refere um comunicado da Polícia Judiciária, órgão de polícia criminal a cargo do qual ficou a investigação.

O homem deverá ser ouvido esta sexta-feira no Tribunal do Barreiro. Denise Rosa deixa quatro filhos, três menores de idade e uma rapariga de 18 anos. Nenhum deles era do putativo homicida, que desconfiaria que a criança que vinha a caminho, e que era suposto ser sua, seria afinal filha de outro homem. Foi isso mesmo que escreveu numa mensagem em crioulo que alegadamente deixou no Facebook, na qual dizia ainda que temia ser envenenado pela companheira.

“Matei a minha namorada, ela chama-se Rosa, se acontecer alguma coisa comigo é porque eles não querem que eu fale para poderem desaparecer com os nossos corpos. Porque eles querem matar-me! Hoje ela pôs remédio na minha comida. Tenho cancro, está grávida mas o filho não é meu. Ela enganou-me, namorou comigo com segundas intenções e eu descobri e deu-se esta tragédia. Ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém mas ela agiu com má fé a partir do momento que meteu algo na minha comida quando ela deu conta que eu sabia mandaram me matar, mas eu agi primeiro. A criança não merecia nada disto, muito triste e lamentável”, refere a mensagem entretanto apagada, mas que conhecidos do casal terão feito chegar às autoridades.

Um cunhado da vítima que tinha notícias frequentes de Denise Rosa, o pastor Filipe Fernandes, morador da ilha do Maio explica que a vítima conheceu o companheiro já depois de ter vindo morar para Portugal, há dois anos. “Nunca nos contou ter sofrido ameaças por parte dele”, assegura este familiar. Pelo contrário: dizia-se satisfeita e na passada segunda-feira, o último dia em que falou ao telefone com a sua irmã, mulher do pastor, convidara o casal para ser seu padrinho de casamento quando decidissem dar o enlace.

“Mas uma amiga do casal disse-nos que ele chegou a sofrer de depressão e que podia tornar-se muito agressivo”, descreve Filipe Fernandes. Em Portugal, Denise tomava conta de uma idosa com Alzheimer, encontrando-se actualmente desempregada, mas antes disso, conta o mesmo familiar, quando ainda morava na Cidade da Praia, era vendedora ambulante: “Os pais não a ajudavam a criar os filhos. Ela ia comprar roupa ao Senegal e ao Brasil para vender nas ilhas.”

Pelas conversas que teve ao telefone com esta irmã da vítima, o suspeito parecia estar satisfeito com a gravidez: “Estava muito feliz, porque ia ser uma menina. E ela nunca se queixou de que ele a maltratava. Parecia que estava tudo bem.”

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