Alemanha prepara taxa sobre consumo de gás a partir do Outono

Aumento das contas de aquecimento a gás pode triplicar, alertou o presidente do instituto de investigação económica DIW.

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O ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, visitou empresas atingidas pela crise do gás ANNEGRET HILSE/Reuters

A Alemanha está a preparar a imposição de uma taxa a aplicar ao gás a partir de 1 de Outubro, para que os custos com o aumento do preço do gás e da substituição do gás importado da Rússia sejam partilhados pelos consumidores e não só pelos importadores de gás.

A taxa vai ser aplicada a consumidores privados e industriais com contratos a longo prazo. Ao anunciar a medida esta quinta-feira, o ministro da Economia, Robert Habeck, declarou que ainda há muita incerteza: “Não sabemos exactamente quanto é o que [o gás] vai custar em Novembro, mas será certamente mais umas centenas de euros por lar”, afirmou, citado pela Reuters.

A Alemanha está numa “situação grave”, atravessando “a maior crise de energia”, disse o ministro depois de a empresa russa Gazprom ter avisado que iria diminuir, de novo, o fluxo de gás da Rússia para a Alemanha através do gasoduto Nord Stream 1 para 20% da sua capacidade.

O país activou a segunda fase de um plano de emergência de três níveis, e os responsáveis governamentais esperam que não seja preciso chegar ao terceiro, que implica racionamento.

“Não é um bom passo, mas é um passo necessário”, declarou Habeck, acrescentando que haveria medidas de apoio para os residentes na Alemanha para quem o aumento do preço significasse um risco de cair na pobreza – um risco que aumenta numa altura de inflação.

Marcel Fratzscher, o presidente do instituto de investigação económica DIW, considerou em declarações ao jornal Rheinische Post que a medida é “certa e necessária”. Os alemães devem preparar-se para pelo menos um aumento de contas de aquecimento para o triplo, prevê Fratzscher.

Até Outubro, o aumento de preços do gás vai continuar a recair sobre os importadores gás – o maior, a Uniper, foi resgatado pelo Estado alemão na semana passada, depois do corte de passagem de gás que a Gazprom levou a cabo invocando problemas nas turbinas – algo que a Alemanha e União Europeia dizem que não tem qualquer razão de ser, classificando os cortes e diminuições de fluxo como decisões políticas com o objectivo de criar instabilidade e fazer subir os preços.

A Alemanha está a apelar aos cidadãos e empresas que poupem gás agora para poder ter reservas para o Inverno. Habeck quer chegar a 95% da capacidade de reservas, que está actualmente a 67,2%.

Os ministros da Energia da União Europeia chegaram, esta terça-feira, a acordo para um novo plano para poupança de gás na UE, embora com uma meta cerca de um terço abaixo dos 15% de redução, que eram o objectivo inicial. A ideia é que todos poupem para que, se faltar gás num país (por causa de um Inverno anormalmente rigoroso, ou por um corte total do fornecimento da Rússia), esse possa ser dado por outros.

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