Carta aberta denuncia falta de pagamentos no Novo Semanário

Desde a denúncia nas redes sociais, a equipa do Novo Semanário enviou um comprovativo de pagamento a 11 colaboradores que estavam sem receber desde 2021. No entanto, mais 17 pessoas denunciaram problemas com pagamentos desde que a situação se tornou pública.

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Alguns colaboradores do Novo Semanário nunca foram pagos DR

Esta quarta-feira, vários colaboradores do Novo Semanário, com pagamentos em falta desde 2021, receberam um comprovativo de pagamento por email assinado pela coordenadora executiva do jornal. É a primeira vez que os profissionais recebem uma mensagem de alguém do semanário desde Março deste ano. No entanto, desde que a situação foi relatada numa carta aberta, que começou a circular esta semana nas redes sociais, pelo menos mais 17 pessoas (incluindo fotojornalistas, cronistas e jornalistas) partilharam casos de pagamentos em atraso. O montante em dívida ultrapassa os seis mil euros.

O PÚBLICO tentou contactar a equipa do Novo Semanário para mais detalhes, mas não obteve resposta até à hora de publicação deste artigo.

Segundo a carta aberta, assinada por mais de 60 pessoas associadas ao sector do jornalismo, pelo menos onze colaboradores do Novo Semanário tinham pagamentos em falta desde 2021. Alguns não recebiam desde Maio desse ano; o jornal foi lançado em Abril de 2021. Em Março deste ano, o jornal e a empresa por detrás, a Lapanews, Edições e Comunicações, deixaram de responder aos pedidos de contacto dos profissionais.

"Foi com muita alegria e também surpresa pelo arrojo que vimos surgir, em plena pandemia, um jornal com edição em papel: o Novo Semanário”, lê-se na carta aberta, amplamente partilhada nas redes sociais. “Contudo, sabemos hoje, um ano e seis meses após o lançamento, que muitas dessas contribuições magníficas que o Novo Semanário tanto se orgulha nunca foram pagas aos seus colaboradores.”

O fotojornalista Francisco Romão Pereira diz ao PÚBLICO que tem 1040 euros em falta. “Esta manhã recebi um email com o comprovativo de pagamento, mas só acredito quando vir o dinheiro na conta”, diz o fotografo que colabora com vários órgãos de comunicação social, como o PÚBLICO, o Observador e a Mensagem de Lisboa. O último pagamento do Novo Semanário foi em Setembro de 2021.

Já a fotojornalista Ana Brígida, que colaborou com o semanário entre Outubro e Novembro de 2021, nunca foi paga. Tem 580 euros em falta. “Depois do barulho nas redes sociais fazem algo”, resume ao PÚBLICO. “Mas sei que há mais casos a queixarem-se do mesmo. Estamos a organizar um grupo de WhatsApp para recolher todos os casos.”

“Inicialmente, diziam que eram atrasos. Depois percebi que havia mais pessoas na mesma situação”, explica Francisco Romão Pereira. “Em Março, disseram que se tratava de um problema de gestão bancária alheio à empresa – e nunca mais nos disseram nada.”

Foi nesta altura que a LapaNews, dona do Novo Semanário, avançou com um processo de despedimento colectivo de quatro jornalistas devido a alegadas dificuldades financeiras.

No começo de Julho, o Jornal de Negócios avançou que a Media9Par, empresa detida pelo empresário angolano N’Gunu Tiny, estava em negociações para a aquisição do Jornal Económico e do Novo Semanário. A notícia levou vários fotojornalistas visados a denunciar as suas histórias nas redes sociais; perceberam que não estavam sozinhos.

Os profissionais identificados na carta aberta incluem vários antigos e actuais colaboradores do PÚBLICO, incluindo o fotojornalista Enric Vives-Rúbio. O director-adjunto do PÚBLICO David Pontes é um dos co-signatários da carta que foi subscrita pelo fotojornalista Alfredo Cunha, pela provedora do telespectador da RTP, Ana Sousa Dias, pela jornalista do Diário de Notícias Fernanda Câncio, e pela antiga directora de informação da RTP, Maria Flor Pedroso.

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