Cenas da vida de um átrio no Festival de Almada

O regressado Christoph Marthaler abriu a 39. edição do festival com um espectáculo que declina de forma original as formas do absurdo e do teatro musical.

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Julie Masson

Um vizinho protesta a bom protestar. Que assim não dá, que já passa das dez e meia da noite, que aquele é um prédio de sossego, que é uma falta de educação, que está aqui está a chamar a polícia… Enfim, o que vizinhos incomodados e com queda para mandar vir costumam refilar quando dois homens desatam a cantar no átrio. O que é um pouco estranho, convenhamos, principalmente quando nem bêbados estão. Ou não. Afinal foi naquele mesmo edifício que, momentos antes, depois de abrir a porta cuidadosamente, um homem informou o inquilino, com toda a delicadeza, de que estava ali para o assaltar, e, perante a contestação, ainda acrescentou que talvez fosse um erro administrativo mas o seu nome e morada constavam de uma lista de casas a roubar e ele, ladrão que era, só podia levar a cabo a tarefa. Porém, como não dava jeito ao inquilino, e depois de uma discussão de carácter, digamos, profissional, a coisa foi adiada para quando fosse mais conveniente.

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