ONU quer recuperar mil milhões de dólares perdidos por má gestão

A “Promessa do Oceano”, lançada esta terça-feira na Conferência dos Oceanos de Lisboa, será aplicada em apoios para fomentar a economia azul, tornar a exploração de reservas de peixe sustentável e reduzir a poluição por plásticos.

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Conferência dos Oceanos decorre até sexta-feira em Lisboa LUSA/MIGUEL A. LOPES

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) prometeu, esta terça-feira, ajudar a recuperar anualmente mil milhões de dólares perdidos por mau aproveitamento e gestão do potencial dos oceanos.

A “Promessa do Oceano”, lançada esta terça-feira na Conferência dos Oceanos de Lisboa, será aplicada em apoios que até 2030 se concentrarão em tornar a exploração de reservas de peixe “100 por cento sustentável, acelerar o fim do flagelo da poluição oceânica por plásticos e permitir a uma centena de países com litoral cumprirem o máximo do potencial das suas ‘economias azuis'”, afirmou a administradora associada do PNUD, Usha Rao-Monari.

A responsável salientou que o objectivo de desenvolvimento sustentável (ODS) relativo aos oceanos tem “o nível mais baixo de investimento de todos os outros ODS”, não passando de 1,3 mil milhões por ano.

“Todo o ecossistema é afectado pela crise oceânica. Há um efeito em cadeia, as pessoas perdem saúde, empregos e modos de vida”, afirmou, acrescentando que parte da promessa é recrutar investimento no valor de pelo menos mil milhões de dólares para “protecção e recuperação” do ambiente oceânico, conjugando esforços de outros programas das Nações Unidas já existentes.

O responsável pelo programa das Nações Unidas para a Governança da Água e do Oceano, Andrew Hudson, afirmou que o oceano é um mercado com um valor estimado de três mil milhões de dólares anuais. Hudson defende que a parcela que não se aproveita por causa de má gestão deve ser investida em “recuperar e proteger”.

Entre os efeitos dessa má gestão estão a perda de biodiversidade, a pesca excessiva, a acidificação dos oceanos e o excesso de nutrientes usados em fertilizantes agrícolas que vão parar aos mares.

Frisou que “é mesmo preciso acelerar” o cumprimento do objectivo de desenvolvimento sustentável dos oceanos (o 14.º de 17), indicando que quatro das metas foram vencidas no ano de 2020 sem serem atingidas, incluindo a protecção de 10% das áreas marinhas e o combate à pesca excessiva.

A promessa agora lançada tem “metas tangíveis e ambiciosas” e incide sobre sustentabilidade da pesca e protecção de áreas marinhas, afirmou Usha Rao-Monari, para o que o PNUD pretende “novas parcerias” de financiamento, incluindo privados e sociedade civil.

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