Comissão de inquérito ao assalto ao Capitólio é “tribunal fictício”, diz Trump

Ex-Presidente emitiu um extenso comunicado em que reafirma as suas alegações depois de o seu antigo procurador-geral, William Barr, ter dito que Trump parecia “alheado da realidade”.

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O vídeo do testemunho de William Barr foi exibido na segunda-feira EPA/MICHAEL REYNOLDS

No dia em que foram divulgadas declarações de antigos funcionários, apoiantes e assessores que desmentem as suas alegações de fraude eleitoral, Donald Trump emitiu um comunicado de 12 páginas em que reafirma ponto por ponto a sua tese e acusa a comissão de inquérito ao assalto ao Capitólio de ser “um tribunal fictício” que apresenta “um simulacro de Justiça”.

“Este pseudocomité coordenou-se com as suas marionetas nos meios de comunicação para emitir os seus testemunhos na televisão nacional sem oposição, perguntas cruzadas ou provas que desmintam as suas afirmações. O público norte-americano tem direito a saber a verdade, mas estes funcionários corruptos tentam influenciar à força a população com o seu espectáculo político”, dispara Trump.

No comunicado, o ex-Presidente americano acusa os Democratas de estarem interessados em investigar o assalto ao Capitólio apenas porque “são incapazes de propor soluções” para os problemas que o país enfrenta. A comissão da Câmara dos Representantes é composta por nove congressistas, dois dos quais do Partido Republicano, mas para Trump trata-se de uma manobra do Partido Democrata para desviar atenções do “desastre” em que estão os Estados Unidos. “Eles esperam que estas audições mudem de alguma forma as suas expectativas falhadas”.

O extenso documento foi divulgado na segunda-feira à noite depois de terminado o segundo dia de audições públicas da comissão. Os congressistas procuraram demonstrar que o ex-Presidente foi repetidamente avisado por vários dos seus funcionários e apoiantes de que a sua tese de fraude eleitoral não tinha cabimento.

“Esta manhã vamos contar a história de como Donald Trump perdeu a eleição e soube que a perdeu. E como, em resultado dessa perda, decidiu lançar um ataque à nossa democracia”, disse ao abrir os trabalhos o presidente da comissão, Bennie Thompson.

Um dos testemunhos exibido foi o do antigo procurador-geral, William Barr, que classificou como “um absurdo completo” algumas teorias que Trump alimentou. “Ele está alheado da realidade se realmente acredita nestas coisas”, disse Barr numa das sessões de inquérito, mostrada na segunda-feira em vídeo. “Quando eu lhe dizia o quão absurdas eram algumas das suas alegações, nunca houve uma demonstração de interesse pelos factos reais”, afirmou ainda o antigo procurador.

Outras pessoas descreveram o ambiente na Casa Branca durante a noite eleitoral. O director da campanha presidencial, Bill Stepien, e um assessor, Jason Miller, disseram perante a comissão que Rudy Giuliani, o advogado do ex-Presidente, tinha sugerido a Trump declarar vitória num momento em que “era ainda muito cedo para fazer declarações deste tipo”. Apesar de desaconselhado a fazê-lo por alguns dos seus próximos, Trump seguiu a sugestão de Giuliani e reclamou a vitória quando muitos votos ainda estavam a ser contados.

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