Braga e Grande Lisboa com urgências de Obstetrícia fechadas

“Em vez dos necessários cinco médicos ginecologistas/obstetras”, o hospital de Braga tem apenas dois médicos na escala. Hospital do Barreiro e o Garcia de Orta fecham a urgência de Obstetrícia esta noite e o S. Francisco Xavier também volta a não ter esta urgência a funcionar até ao domingo de manhã.

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Quem precisar de recorrer às urgências de Obstetrícia na Grande Lisboa e em Braga, neste fim-de-semana, vai ter a vida complicada PÚBLICO/ARQUIVO

O Hospital de Braga confirmou este sábado que vai fechar domingo, e durante 24 horas, a urgência de Obstetrícia “pela impossibilidade de completar escalas”, mas garante que “está a trabalhar” para que “a resposta seja garantida” junto de outras unidades.

A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) actualizou, entretanto, a informação sobre estes serviços na Grande Lisboa, indicando que as urgências de Obstetrícia do Hospital Barreiro-Montijo e do Garcia de Orta também vão estar encerradas entre as 20h deste sábado e as 8h de domingo. Este serviço no Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (S. Francisco Xavier), que já esteve encerrado na última noite, volta a estar de portas fechadas este sábado à noite. E mantêm-se os já anunciados constrangimentos na Urgência de Obstetrícia/Ginecologia do Hospital Beatriz Ângelo, que estão previstos até ao final do dia de segunda-feira.

Para as pessoas que poderiam recorrer ao S. Francisco Xavier, a indicação da ARSLVT é que devem dirigir-se ao Hospital Fernando da Fonseca, para onde serão “prioritariamente encaminhados”. Os restantes hospitais da região, vão garantir o atendimento às pessoas da área das diferentes unidades de saúde afectadas pelo encerramento ou constrangimento de serviços causada pela falta de médicos.​

No caso de Braga, o conselho de administração confirmou, em comunicado, parte da informação que divulgada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM), apontando que, pela “impossibilidade de se completarem as escalas de trabalho necessárias, o serviço de urgência de ginecologia e obstetrícia estará encerrado desde as 8h de domingo até às 8h de segunda-feira”.

No entanto, “o conselho de administração não confirma o encerramento deste serviço no dia 18 de Junho”, lê-se no comunicado. O Hospital de Braga sublinha que está a apostado em “manter assegurada a prestação de cuidados de saúde de forma regular às grávidas e parturientes da região”.

“Simultaneamente, [o conselho de administração] reforça que se encontra a trabalhar de forma articulada com outros hospitais da região, de forma a que a resposta aos utentes seja garantida pela rede de instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, conclui.

O SIM, que na passada quinta-feira já adiantara que vários hospitais da Grande Lisboa iriam estar sem urgência de Obstetrícia durante o fim-de-semana prolongado, divulgou este sábado que o Hospital de Braga vai fechar a urgência de obstetrícia no domingo por falta de médicos para assegurar a escala. “Em vez dos necessários cinco médicos ginecologistas/obstetras, o Hospital de Braga tem apenas dois médicos na escala para o dia 12 de Junho, quer de dia quer à noite”, refere o SIM em comunicado.

No texto, o sindicato adiantava que na semana seguinte o cenário poder-se-ia repetir, referindo que haverá “vários dias com a escala abaixo do número mínimo de médicos ginecologistas/obstetras necessários para um hospital de apoio perinatal diferenciado com mais de 2500 partos anuais”.

No dia 18 de Junho, salientava o SIM, “haverá novamente apenas dois médicos ginecologistas/obstetras escalados à noite, situação que inevitavelmente levará a novo encerramento da urgência de obstetrícia”. Contudo, o hospital não confirma, para já, este encerramento.

Para o SIM, este é o “lamentável resultado da incapacidade do Governo em captar e fixar médicos no SNS, oferecendo-lhes condições de trabalho e remuneratórias adequadas ao seu nível de responsabilidade”.

Problemas até segunda-feira

Os problemas de falta de médicos para assegurar as escalas de urgência estendem-se a outros hospitais do país, nomeadamente da área da ARSLVT. “Apesar de todos os esforços desenvolvidos, não foi possível ultrapassar os constrangimentos no funcionamento de alguns serviços de Obstetrícia/Ginecologia da região” no fim-de-semana prolongado, disse a ARSLVT em comunicado.

A resposta aos utentes, sublinha, “será garantida pela rede do Serviço Nacional de Saúde (SNS) da região, com desvios na resposta ao serviço de urgência externa.

No comunicado emitido este sábado, a ARSLVT anuncia que ontem foram realizados “71 partos nas 13 maternidades dos 13 hospitais/centros hospitalares que possuem esta valência”. Para esta entidade, estes são números que “atestam o funcionamento em rede das unidades do SNS”.​

Na sexta-feira foi conhecido o caso de uma grávida que perdeu o bebé alegadamente por falta de obstetras no hospital das Caldas da Rainha. A urgência de Obstetrícia do hospital estava, na altura, encerrada, por não haver médicos suficientes para garantir a sua operacionalidade. O INEM/CODU tinha sido informado desta situação, mas a grávida que acabaria por perder o bebé numa alegada cesariana de emergência não recorreu a este serviço, tendo-se deslocado ao hospital pelos seus próprios meios. A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde abriu um inquérito a este caso. Com Lusa

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