Grande Lisboa com constrangimentos nas urgências de Obstetrícia até segunda-feira

Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Hospital Beatriz Ângelo e Centro Hospitalar de Setúbal são os locais afectados.

Foto
Urgências de Obstetrícia/Ginecologia não se devem dirigir ao Hospital Beatriz Ângelo até ao final do dia de segunda-feira Rui Gaudêncio

Os serviços de urgência de Obstetrícia/Ginecologia na região da Grande Lisboa vão sofrer vários constrangimentos até ao final do dia de segunda-feira, com alguns espaços fechados e outros a funcionar a meio-gás. A informação foi avançada pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), em comunicado, no mesmo dia em que se soube que o bebé de uma grávida que se dirigiu ao Hospital das Caldas da Rainha morreu durante uma alegada cesariana de emergência. As urgências daquela unidade do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) estavam encerradas e a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) está a investigar o caso.

O PÚBLICO questionou, durante a tarde desta sexta-feira, a ARSLVT sobre as informações colocadas na quinta-feira na página da Internet do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), a dar conta que vários serviços de urgência de Obstetrícia da área de Lisboa estariam encerrados ou com serviço condicionado, por causa da falta de médicos. A resposta chegou já à noite, em comunicado, com a ARSLVT a confirmar que “apesar de todos os esforços desenvolvidos, não foi possível ultrapassar os constrangimentos no funcionamento de alguns serviços de Obstetrícia/Ginecologia na região”.

Constrangimentos que começam a sentir-se já na noite desta sexta-feira e se prolongam até à noite de segunda-feira, feriado de Santo António em Lisboa.

A resposta, garante este organismo, “será garantida pela rede do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na região, com desvios na resposta ao serviço de urgência externa”.

Assim, entre as 20h desta sexta-feira e 8h de sábado, grávidas e outras pessoas com emergências da área da obstetrícia ou ginecologia não devem dirigir-se ao Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (que comporta os hospitais de São Francisco Xavier, Egas Moniz e de Santa Cruz), já que as urgências estarão encerradas, devendo, em alternativa, procurar as unidades do Centro Hospitalar Lisboa Norte (como o Santa Maria) e Centro Hospitalar Lisboa Central (S. José, Maternidade Dr. Alfredo da Costa ou Dona Estefânia).

Os próximos dias também serão de “constrangimentos no atendimento” nas urgências destes serviços no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, entre as 8h de sábado e as 8h de segunda-feira. O atendimento, esclarece a ARSLVT, será “assegurado pelos restantes hospitais da região”.

E nesta sexta-feira, acrescenta, a “doença imprevista de um especialista, que não foi possível substituir” já causou “constrangimentos” nas urgências de Obstetrícia/Ginecologia do Centro Hospitalar de Setúbal. Recorde-se que este era um dos hospitais listados na nota do SIM, que garantia que a ARSLVT estava informado desde final do Maio dos constrangimentos neste e noutros hospitais agora referidos no comunicado.

A ARSLVT garante que “caso haja necessidade de encaminhar utentes, as equipas hospitalares articulam com o CODU/INEM, no sentido de identificar a unidade que naquele momento tem melhor capacidade de resposta”.

Na noite de quarta-feira um bebé morreu durante uma cesariana de emergência no hospital das Caldas da Rainha, que tinha as urgências de Obstetrícia fechadas por causa da falta de médicos. O INEM/CODU estava informado do encerramento, garantiu o conselho de administração do CHO, mas a grávida em questão não terá recorrido a este serviço, chegando ao hospital pelos seus próprios meios. O IGAS vai investigar as circunstâncias em que se deu a morte do bebé, e se poderá ter sido influenciada pela falta de um atendimento atempado.

A ARSLVT indica ainda que caso haja mais alterações ao funcionamento das urgências na Grande Lisboa a informação será “actualizada”, lembrado que o funcionamento em rede do SNS “assume especial pertinência em períodos de maior procura dos serviços ou em períodos de férias dos profissionais de saúde”.

Sugerir correcção
Ler 15 comentários