Rússia expulsa cinco funcionários da embaixada portuguesa

O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo anunciou a expulsão de cinco funcionários da diplomacia portuguesa como “medida de retaliação” à expulsão de dez diplomatas russos em Portugal.

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Paulo Pimenta
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“A embaixadora de Portugal em Moscovo [Madalena Fischer] foi esta manhã chamada ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa, tendo sido informada da expulsão de cinco funcionários da embaixada, que terão de abandonar a Rússia no prazo de 14 dias”, anunciou esta quinta-feira o Palácio das Necessidades, em comunicado.

“O Governo português repudia a decisão das autoridades russas, que não tem qualquer justificação que não seja a simples retaliação. Ao contrário dos funcionários russos expulsos de Portugal, estes funcionários nacionais levavam a cabo actividades estritamente diplomáticas, em absoluta conformidade com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”, acrescenta a nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português.

A expulsão era aguardada por Portugal. Moscovo anunciou na quarta-feira a expulsão de 27 diplomatas espanhóis e 24 italianos, em retaliação por medidas semelhantes adoptadas por Madrid e Roma a seguir à invasão da Ucrânia. A informação foi veiculada pelo MNE russo após divulgar que iria também expulsar 34 diplomatas franceses e um dia após decidir expulsar dois diplomatas finlandeses. O número de diplomatas espanhóis e italianos considerados agora persona non grata é idêntico ao dos diplomatas russos que os governos dos dois países europeus expulsaram dos seus países em Abril.

As expulsões foram nominais. O MNE da Rússia entregou ao MNE de Portugal uma lista com os nomes de cada um dos cinco funcionários diplomáticos a serem expulsos, tal como, em Abril, Lisboa entregou a Moscovo uma lista com os nomes dos dez funcionários russos que tinham de abandonar Portugal.

Na embaixada portuguesa em Moscovo trabalham cerca de dez pessoas — menos de metade das quais serão diplomatas —, que partilham o edifício onde funciona a chancelaria e o consulado, os serviços comerciais e administrativos. O MNE não quis divulgar a categoria profissional ou o nome dos portugueses expulsos. A maioria serão funcionários com estatuto diplomático, mas não diplomatas, disseram ao PÚBLICO dois altos quadros das Necessidades.

Não constarão da lista dos expulsos nem a embaixadora de Portugal, Madalena Fischer, nem o seu número dois, o diplomata Marcelo Mathias. O número três da embaixada é o conselheiro político João Gil Freitas, diplomata desde 2015, que tem uma pós-graduação em Língua Russa para Turismo e Empresas e está na embaixada de Moscovo desde 2019. O encarregado da secção consular é o diplomata Filipe Patrício. A equipa de Moscovo inclui ainda o director e coordenador da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, o conselheiro económico e comercial Nuno Lima Leite, e o leitor de português, enviado pelo Camões — Instituto da Cooperação e da Língua, João Carlos Mendonça João, nenhum dos quais é diplomata. O restante pessoal será de apoio administrativo.

Lisboa esperava a notícia da expulsão a qualquer momento. “Deve estar iminente”, disse ao PÚBLICO, na quarta-feira, um diplomata que conhece o dossier. A expectativa era a de que a Rússia expulsasse diplomatas portugueses do mesmo nível profissional dos russos expulsos, no caso, abaixo da categoria de embaixador ou chefe de missão.

António Costa está de visita à Roménia e à Polónia e o Presidente da República acrescentou na quarta-feira que, na sequência da visita, o primeiro-ministro também se deslocará à Ucrânia (a data desta viagem não era conhecida por questões de segurança). O facto de o chefe de Estado ter revelado a data da visita de Costa à Ucrânia criou mal-estar no PS, pois o gabinete de Costa exigira sigilo total sobre a viagem. Mas Rebelo de Sousa contou o segredo, tal como revela hoje o PÚBLICO em manchete.

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